Uma cratera a céu aberto causada pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami tem ameaçado a estrutura da Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) de Homoxi. Uma imagem do flagrante denunciando o avanço do problema foi divulgada pelo vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Dário Kopenawa numa rede social.
A UBSI de Homoxi atende a 615 indígenas que vivem em comunidades na região. A área é de difícil acesso e só se chega de avião. A pista de terra aberta no meio da floresta é usada por aviões que deixam profissionais da saúde e também por garimpeiros.
Há dias em que os aviões clandestinos dos garimpeiros tomam conta da pista, segundo o presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami. Ele também afirma que as condições ao arredores do posto tem dificultado o envio dos profissionais de saúde que atendem no local.
Ao publicar a imagem, o vice-presidente da Hutukara disse que a situação está “quase derrubando o posto de saúde Yanomami” e cobrou providência das autoridades para retirada do garimpo ilegal do território.
O g1 procurou o Ministério da Saúde, que responde pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), responsável pela manutenção do posto, mas não obteve resposta até o momento da publicação.
“São 615 yanomami que estão sendo impedidos de receber um atendimento fixo, pois é inviável manter uma equipe em um local como este. O posto tem uma estrutura boa, o que impede o envio desses funcionários é a falta de segurança devido o local que o posto está localizado”, relata o presidente do Condisi.
Segundo Hekurari, devido a situação do posto de Homoxi, os servidores da saúde não tem atuado de forma fixa. Ele são enviados por temporada, a cada 10 dias.
“Eram quatro funcionários que trabalhavam lá. No momento, só é possível enviar equipe para realizar missões de 10 dias, e eles só podem ficar na maloca dos Yanomami pois no local onde o posto está tem um alto fluxo dos invasores”, afirma Hekurari, acrescentando que, atualmente, não há nenhum servidor em Homoxi.
Foi na pista que Homoxi que um jovem indígena Yanomami de 25 anos morreu ao ser atropelado por um avião de garimpeiro em julho do ano passado.
Terra Yanomami
Maior reserva indígena do Brasil, a Terra Yanomami tem quase 10 milhões de hectares entre os estados de Roraima e Amazonas, e parte da Venezuela. Cerca de 30 mil indígenas vivem na região em mais de 370 comunidades.
A área é alvo do garimpo ilegal de ouro desde a década de 1980. Mas, nos últimos anos, essa busca pelo minério se intensificou, causando além de conflitos armados, a degradação da floresta e ameaça a saúde dos indígenas.
A invasão garimpeira causa a contaminação dos rios, o que reflete na saúde dos Yanomami, principalmente crianças, que enfrentam quadros severos de desnutrição por conta do escasseamento dos alimentos.
Por; G1