De acordo com o boletim de ocorrência, circuitos de segurança registrados no dia 5 de janeiro deste ano foram divulgados no Facebook e mostram o rapaz caminhando pela avenida. Em determinado momento, ele passa em frente à loja Ligeirinho Lanches.
Segundo funcionários da loja, que preferiram não gravar entrevista, dois celulares foram furtados por alguém que estava com uma blusa preta e calça jeans. A pessoa entrou na loja pegou os aparelhos e correu. Ao analisar as câmeras de segurança da avenida, os funcionários acharam que a pessoa que cometeu o crime era o estudante e publicaram a foto dele na internet.
A vítima contou à polícia que tinha saído de um curso de Jovem Aprendiz no bairro Eldorado, por volta do meio-dia. Enquanto seguia para o ponto de ônibus, na Avenida José Faria da Rocha, passou em frente à loja.
O local do embarque é próximo do estabelecimento. O jovem relatou à polícia que ficou por lá durante 40 minutos, à espera do coletivo 810. Em seguida, afirmou que foi até a casa da avó da namorada.
Mais tarde, naquele mesmo dia, recebeu ligações de amigos que o informaram sobre as acusações em páginas comerciais do Facebook.
Em entrevista à TV Globo, o estudante disse que sofreu ameaças após a postagem e que tem medo de passar pelo local.
O jovem, que nunca foi preso, além de registrar boletim de ocorrência, contratou um advogado para responsabilizar o autor da postagem judicialmente.
“Na esfera criminal, a gente está olhando a questão da calúnia – imputar um crime a alguém sem ele ter cometido – e também a questão da injúria”, disse o advogado Gilberto Silva.
O advogado também acredita que seu cliente foi vítima de racismo estrutural:
“Estamos também vendo a questão desse racismo estrutural, por ser um rapaz negro, que estava nesse local, passando num momento de chuva, e aí tem a imagem dele vinculada a um crime. É a história do Brasil, onde as pessoas negras normalmente são tratadas como criminosas”, disse.
Polícia diz que investiga
Procurada, a Polícia Civil disse que, por se tratar de crime contra a honra, os procedimentos agora ficam a cargo do Juizado Especial Criminal.
A Polícia Civil disse ainda que “adotou todas as providências legais cabíveis” e o suspeito já foi identificado.
“A ocorrência de calúnia foi registrada pela vítima, de 20 anos, no dia 5 de janeiro deste ano, em Contagem, quando ele foi informado acerca da necessidade de representação para instauração do procedimento criminal”.
Por; g1