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Militar investigado por agredir garis no DF lamenta episódio: “Errei”

Alan da Silva Fonseca, 47 anos, é investigado por agredir, na manhã da última quarta-feira (13/7), uma dupla da garis que limpava a rua na 712/912 Norte. O suboficial da Marinha desferiu socos e acertou vassouradas nos trabalhadores do Sistema de Limpeza Urbana (SLU) depois de achar que estariam filmando a esposa, a filha e mais duas mulheres durante uma aula de ginástica — na verdade, um dos profissionais usava um aparelho de geolocalização para registrar os locais por onde eles haviam feito o serviço.

“Realmente, eu errei, não podia ter chegado e batido nele. Foi um momento de nervoso. Fica uma lição para mim”, lamenta.

Segundo o militar, um dos funcionários havia terminado de limpar a rua e teria ido para trás do grupo de mulheres a fim de olhá-las. “Ele varreu a rua toda, voltou sozinho e ficou olhando. Minha esposa chamou a atenção dele duas vezes, e ele saiu correndo. Cheguei nervoso”, explica.

“Não bati em um gari, agredi um cara que estava importunando a minha filha, de 13 anos, e minha esposa. Peço perdão a ele, mas a gente que tem família é complicado. E os dias de hoje estão aí. É estuprador, as mulheres não podem andar com roupa de educação física, com nada”, completa.

A Marinha foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

Desabafo

 

Metrópoles conversou, nesta quinta-feira (14/7), com os garis Lucivaldo Rodrigues Paiva, 47 anos, e Fábio Cardozo de Souza, 43, após serem atacados por Alan enquanto faziam a varrição na altura da 912 Norte.

“Ele pegou o cabo de vassoura e meteu nas minhas costas”, contou Lucivaldo. Para o gari, a situação é revoltante. “Rapaz, é difícil. A gente sai de casa às 4h para apanhar”, lamentou. “Se o cara estivesse armado, ele tinha nos matado”, pontuou. Fábio encara o episódio da mesma forma.

 

Ele recorda-se do começo do ataque, quando ambos foram fechados por um carro na rua. “Chega um cara correndo e me dá um murro nas costas. E já vai agredindo o meu amigo”, relatou. Fábio tentou se esquivar dos ataques.

Lucivaldo e Fábio avaliam buscar uma reparação na Justiça após o ataque. Ambos registraram ocorrência e fizeram exames no Instituto Médico Legal (IML).

Apoio

 

Os dois garis trabalham para a Valor Ambiental, terceirizada do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). A empresa colocou à disposição deles serviço jurídico e apoio psicológico.

Segundo o gestor de Recursos Humanos e Jurídicos da Valor Ambiental, Diego Duarte, a companhia prestará todo o amparo para os garis. No entanto, o episódio não é isolado. Frequentemente, os profissionais são hostilizados.

“Infelizmente, tem algumas pessoas que não conhecem a realidade. Acham que pelo fato de eles serem varredores seriam menos importantes. Mas, na verdade, são essenciais. Nós ficamos tristes, porque são pais de família”, disse.

A Valor Ambiental emprega 2,3 mil garis no SLU. O serviço, no total, conta com, aproximadamente, 6 mil desses profissionais.

O Sindicato dos Trabalhadores de Limpeza Urbana (Sindlurb) também colocou-se à disposição das vítimas. Atualmente, a categoria sofre com o desrespeito.

“Infelizmente, os casos de agressão e preconceito são frequentes. Tem pelo menos um por mês. Negam-nos um copo de água. Tem escola que não deixa o gari ir ao banheiro”, denunciou José Cláudio de Oliveira, dirigente do Sindlurb.

O caso

 

Um vídeo registrado por câmeras de segurança mostra o momento em que os garis são agredidos por um militar da Marinha do Brasil. O homem bateu nos trabalhadores de limpeza urbana por achar que ele estava filmando a esposa enquanto ela fazia ginástica.

O caso, investigado pela 5ª Delegacia de Polícia (Área central), ocorreu nesta quarta-feira (13/7). No vídeo, é possível ouvir o homem gritando e vê-lo empurrando uma das vítimas na calçada.

O militar perguntou o que os garis estavam filmando e pediu que mostrassem o celular. Um dos trabalhadores mostra o objeto que segurava, que, na verdade, era um aparelho de geolocalização usado para registrar os locais por onde o Serviço de Limpeza Urbana passou.

Segundo um dos garis agredidos, a mulher achou que estava sendo filmada porque os garis precisam marcar o percurso feito com um GPS. Para o equipamento funcionar, os trabalhadores precisam levantá-lo e apertar um botão. “Chegou um carro, e o homem abordou a gente, já batendo e pedindo para mostrar o celular’”, lembra.

Mas, mesmo mostrando o aparelho, ele foi agredido novamente pela vassoura que o gari usava para limpar a rua. Em seguida, o vídeo mostra que a vítima recupera o objeto. No entanto, o homem ainda vai atrás dele e dá um tapa nas costas do trabalhador.

Moradores viram as agressões e chamaram a polícia. Segundo testemunhas, em nenhum momento, o gari agrediu ou xingou o militar. Todos foram levados à 5ª DP.

 

Por; Metrópoles

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