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Veja como não cair no golpe que promete devolver PIX multiplicado

“Quando a esmola é demais, o santo desconfia”. O ditado popular é antigo, mas não perde a validade. Aproveitando-se da inocência ou mesmo ganância de algumas pessoas, golpistas agem na internet, em redes sociais e aplicativos de mensagens, oferecendo transferências via PIX prometendo multiplicar os ganhos de quem entra no esquema.

Ao g1, um dos perfis intitulados como “Rei do PIX” garante que o esquema “não tem risco algum”, e que uma transferência de R$ 450, por exemplo, assegura um retorno de R$ 8 mil na conta. “Nosso dever é preservar a segurança de nosso cliente e a sua conta!”, diz a mensagem via aplicativo.

Carlos Afonso Gonçalves da Silva, delegado da divisão de crimes cibernéticos da Polícia Civil de São Paulo, destaca que o crime, apesar de ser disseminado pela internet, nada mais é que uma roupagem moderna dos velhos esquemas de pirâmides, que chegavam a prometer essa multiplicação de ganhos até por cartas.

‘Não existe dinheiro fácil’

 

Em alguns casos, explica a Polícia Civil, os repasses iniciais são realizados, para ganhar a confiança de quem deposita dinheiro lícito para receber mais dos criminosos. Mas assim que as apostas crescem, o tombo ocorre.

Em São Paulo, a delegacia que investiga crimes cibernéticos apura o caso de uma senhora que perdeu R$ 35 mil no esquema do “PIX multiplicador”. Depois de obter retorno com transferências de valores menores, como R$ 100 e R$ 500, a mulher sentiu confiança e avançou no acordo, acumulando um prejuízo enorme.

“O problema é que as pessoas acreditam em vantagem fácil. Tem um link falando para clicar aqui por dinheiro, e as pessoas não pensam duas vezes. Os golpes acabam sendo os mesmos, só mudam de plataforma”, destaca Siva, para emendar:

“O que as pessoas deveriam fazer é se questionar. O cara está dizendo que se eu deposito R$ 100, eu ganho R$ 200. Por que eu faria isso? Por que ele vai me dar R$ 100?”

 

Página exibe depósito e tabela de vantagens do “PIX multiplicado” — Foto: Reprodução/redes sociais

Segundo Silva, crimes como o Rei do PIX geralmente são subnotificados porque as pessoas que perdem dinheiro, geralmente por terem ciência de que se trata de um ganho ilegal, dificilmente procuram a Polícia Civil para dar queixa.

“É quase o mesmo que o ladrão de banco registrar um boletim de ocorrência que não conseguiu roubar porque a agência tinha alarme”, compara Silva.

Responder por crimes graves

 

Mais do que alertar para que as pessoas não caiam nessa oferta fantasiosa, a Polícia Civil lembra que quem participa do esquema e chega a receber os recursos multiplicados, todos oriundos de atividades criminosas, também pode responder pelo mesmo crime em que o dinheiro foi obtido.

“Sempre vai depender do crime original investigado, que pode ir desde uma clonagem de conta, que configura furto qualificado, até extorsão medidante sequestro, quando uma pessoa é obrigada a passar o PIX para o criminosos que vai usar nesse golpe. Quem receber esse dinheiro, responde igualmente. A pessoa vai perder patrimônio e vai cumprir pena”, alerta o delegado.

Ofertas a um clique

 

Os criminosos espalham ofertas de “PIX multiplicado” em diversos perfis em redes sociais. Muitos usam o termo “Rei do PIX”, e exibem postagem com transferências elevadas e depoimentos de casos bem sucedidos.

Cada um tem sua estratégia, muitos atendem e fecham negócios por aplicativos ou grupos de mensagens. O g1 manteve conversa com um dos perfis, que garantiu que o dinheiro usado no negócio não tem origem criminosa.

“Tem risco não senhor, pode ficar tranquilo! Antes desse dinheiro chegar no senhor passa pelo nosso sistema!”, informa via mensagens.

Em conversa por aplicativo de mensagem, homem oferece multiplicar depósitos via PIX — Foto: Reprodução

Oferta ‘fora da curva’

 

Ofertas como as dos “Reis do PIX” chamam a atenção porque superam – e muito – qualquer ganho obtido com aplicações financeiras regulamentadas. Pela proposta enviada ao g1, os R$ 450 investidos teriam um retorno prometido de 1.670% em poucos minutos.

Como efeito de comparação, a caderneta da poupança, modalidade mais popular de investimento, oferece 6,17% ao ano + TR (Taxa Referencial), o que significa que perde para a inflação e outras aplicações em renda fixa.

Simulações do buscador de investimentos Yubb mostram que, com a taxa básica de juros do Brasil a 13,25%, diversas opções em renda fixa oferecem retorno de mais de 1% ao mês, com uma rentabilidade líquida (descontada a inflação e o imposto de renda) de até mais de 5% para o período de 12 meses.

O economista Roberto Brito de Carvalho explica que no mercado de investimentos, aplicações em alguns fundos multimercados podem render ao investidor até 8% de ganhos em certos valores.

“Mas são situações anômalas, de investidores com perfil arrojado. Já no mercado de derivativos, com quem trabalha com compra de moedas como especulação, em algumas circunstâncias conseguem ganhar até 50%, mas por envolver grandes riscos, o sujeito também pode quebrar”, pondera.

Por; G1

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