Desde que chegou em Cuiabá, Felipe trabalha com a venda de cremosinhos gourmet. Para homenagear a mãe, que sofre de doenças crônicas, colocou o nome dela como a marca do negócio.
Os dois trabalham juntos, ela prepara os cremosinhos e Felipe vende na rua.
O vendedor Adans Ferreira da Silva saiu do mundo das drogas para o trabalho. Sua esperança quase se foi por um fio, mas agora ele segue firme.
“Meu sentimento era de perda. Cheguei na clínica destruído emocionalmente, mentalmente e fisicamente também. Eu estava completamente destruído pelo mundo das drogas”, contou.
Ele foi buscar ajuda na Clínica da Alma, em Mato Grosso do Sul. Desde então, vem ganhando esperança.
A voluntária do projeto da clínica, Soraya Monteiro, explicou que muitas pessoas que perderam tudo, sem perspectivas, costumam passar por ali.
“A maioria chega aqui quando já passou pelo fundo do poço. Quando ele já está nas últimas, quando ele vê que não tem mais jeito, então, ele resolve levantar e pedir ajuda. Tanto que a única condição pra vir para Clínica da Alma é ter vontade. A pessoa tem que querer. Porque se não ela não se recupera”, disse.
Ela ressaltou que cada pessoa tem seu próprio tempo na recuperação.
“Cada um tem o seu tempo. Às vezes as pessoas vão pra rua e vê que não é isso e outros ficam lá muito tempo sofrendo. Mas quando está bem debilitado, vem para cá. Eles chegam geralmente da rua sem nada, porque perderam tudo. Então, tem que se reconstruir e só eles podem fazer isso”, afirmou.
Segundo Soraya, o que as pessoas precisam é de serem ouvidas e saber que tem alguém do lado delas.
“Na maioria das vezes, o que as pessoas precisam é colocar o que elas têm de ruim pra fora. Então, para mudar o caminho, você precisa se livrar dessa bagagem ruim. É isso que as pessoas precisam, de serem ouvidas, olhar nos olhos, e dizer ‘ó irmão estou aqui. Te entendo’. Assim, a gente segue juntos nessa caminhada que é a vida”.
Há momentos de dificuldades na vida em que a esperança desaparece. Mas isso é natural. É o que afirma o psiquiatra Adriano Bernardi.
“Primeiro de tudo é pensar que a sensação de desesperança é natural. Todo mundo perde a esperança em algum momento da vida”, disse.
Ele ainda explicou que esse sentimento costuma ser comum em quem sofre de depressão.
“A pessoa não vê sentido no que está fazendo. Ela fica apática. Não consegue sentir as coisas como prazerosas e acaba ficando desmotivada. Em muitos casos necessitando até de um tratamento para que volte a sentir as emoções do jeito correto”.
Adriano ressaltou que a vida é como um filme em andamento e cada momento é importante para que o conjunto da obra seja bom.
“A nossa vida é assim. Um momento ruim pode ser um momento transformador de alguma coisa boa no futuro. Então, se você vê a sua vida como um filme que tá em andamento, você vai ver que cada momento é importante para que o conjunto seja bom. E você sempre pode retomar o ritmo e fazer coisas positivas a partir daquele momento”, explicou.