Padre toma veneno e deixa carta com revelações em Pernambuco

A depressão é considerada, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o mal do século. E mais, estima-se que cerca de 10% da população mundial sofra desse transtorno – o que requer maior cuidado e atenção por todos, seja médico, família ou amigos. Sem o apoio e tratamento adequado, a depressão pode levar a consequências sérias e até trágicas.

Esta semana, o caso de um padre em Surubim (PE), que tirou a própria vida acabou tendo uma ampla repercussão. O corpo do padre Geraldo de Oliveira foi encontrado por fieis na paróquia de São Sebastião. Ele teria tomado veneno.

Embora não seja correto noticiar ocorrências de suicídio, o assunto tem se tornado pauta frequente em jornais e portais de notícias, diante da necessidade de se alertar a população sobre o quanto se deve ter empatia um pelo outro e compreender depressão e crises de ansiedade não são “frescuras” e precisam receber maior atenção e cuidado.

O padre deixou uma carta endereçada ao responsável pela diocese. Em quatro parágrafos, o religioso pontua que sofria em silêncio, sentia ansiedade e vivia angustiado com uma situação que envolvia desprezo, individualismo e solidão. “Como tenho conservado sempre com você um relacionamento cordial e fraterno, para evitar menor atrito, mesmo escondendo o meu sofrimento, por saber que esta decisão, ansiedade e angústia são frutos de uma convivência que ignora a presença do outro”, escreveu.

O padre aguardava ser transferido para outra paróquia, possivelmente por estar sofrendo opressão de outros religiosos de sua comunidade:

“Dom Francisco não nos obriga a viver fraternalmente, porque ele respeita as pessoas e sobretudo a autoridade do pároco. Todavia, caso ele julgue necessário me afastar de Surubim, para me livrar dessa opressão, aceitarei sem hesitar; porém, peço-lhe que no futuro eu seja sepultado em Surubim, onde passei o maior tempo da minha vida sacerdotal. Mesmo que a metade do meu coração esteja em São Caetano, Diocese de Caruaru”, disse o padre na carta de despedida.

Na carta, Padre Geraldo aproveitou para se despedir das pessoas que ao longo de quase três décadas lhe ajudaram a construir casas e arrecadar donativos para os mais pobres.

“A profunda amizade e atenção de muitas pessoas me ajudaram a não desanimar, até a presente data. Tenho implorado força de Deus para resistir. Agradeço a todos que têm colaborado nos últimos 27 anos para construção de 78 casa em Surubim, 20 em Nazaré da Mata, bem como aos doadores de camas, colchões, roupa usada e alimentos para os pobres. E aproveito desta ocasião para agradecer, mais uma vez, a Dom Francisco, que tem tratado os padres idosos fraternalmente”, finalizou.

A carta foi assinada a próprio punho.

 

Por; DOL