Sindicalistas desviavam FGTS e favoreciam empresas, diz Polícia

A Polícia Civil acusa ex-dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores Avulso (Sintramm) de mandar matar o advogado trabalhista Antônio Padilha de Carvalho, em 2019, como forma de “queima de arquivo” após a constatação de que a vítima ameaçava um esquema montado dentro da entidade classista.
A informação consta na decisão em que o juiz João Bosco Soares da Silva, de Cuiabá/MT, decretou a prisão preventiva de três suspeitos.
As investigações concluíram que havia pelo menos duas formas de fraude: desvio de guias de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e favorecimento de empresas privadas de propriedade dos dirigentes.
Padilha estaria insatisfeito com a administração sindical que à época era conduzida pelo então presidente Adinaor Farias da Costa e pelo então tesoureiro Joemir Ermenegildo Siqueira. Ambos estão presos pelo crime.
“Contra estes pesavam sérias denúncias de desvios de guias de FGTS, bem como favorecimento a empresas particulares de propriedade destes que estava cooptando as empresas que eram intermediadas pelo sindicato”, consta na representação feita pela Polícia e reproduzida na decisão judicial.
Conforme a Polícia Civi, os desvios de guias de FGTS aconteciam quando o valor da contribuição era recolhido pelo sindicato mensalmente, mas não repassado ao governo.
Outra forma que o grupo encontrou para embolsar mais dinheiro, conforme a investigação, foi se aproveitar da intermediação de mão de obra de trabalhadores avulsos com outras empresas, antes feita pela associação.
O sindicato realizava essa intermediação e em troca as empresas pagavam a ela pelo serviço mediado.
Conforme a Polícia Civil, Joemir e Adinaor criaram empresas para fazer esse mesmo trabalho de intermediação realizado pelo sindicato. Os dirigentes começaram então a levar esses contratos para as empresas particulares.
Interferência mortal
Padilha foi um dos membros fundadores do Sindicato e por anos atuou como advogado da associação. Insatisfeito com a administração, a vítima chegou a postular junto à Justiça do trabalho uma ação para destituir a direção.
Tratava-se de uma ação de Improbidade Administrativa Sindical e Nulidade de Ato Jurídico c/c Pedido de Tutela Provisória. A ação foi protocolada 31 dias antes de o crime ser cometido, em 3 de novembro de 2019.
A audiência seria realizada no dia 12 de dezembro e Padilha foi executado à queima-roupa no dia 4 daquele mês.
Conforme os autos da investigação, “é cristalino e sólido afirmar que a partir do momento em que Antônio Padilha de Carvalho começa a adotar uma conduta mais incisiva contra a direção do sindicato […] os líderes do Sintramm se mostraram insatisfeitos com tais condutas e daí em diante as animosidades só crescem”.
Padilha teria inclusive divulgado, por meio de matérias jornalísticas, denúncias contra a diretoria do sindicato.
A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa concluiu que os ex-dirigentes sindicais teriam sido os mandantes e Rafael Rafael de Almeida Saraiva atuado como intermediário.
A operação foi coordenada pelo delegado Marcel Gomes de Oliveira, com a supervisão do delegado titular da unidade, Fausto Freitas.
As investigações contaram com o apoio de outros 30 policiais da unidade entre equipes de gerência e operações especiais.
Por; Mídia News
Foto; reprodução