Adélio, que esfaqueou Bolsonaro, passa por perícia e pode ser solto

A Justiça Federal realiza nesta segunda-feira (25) uma nova perícia médica em Adélio Bispo de Oliveira, o homem que esfaqueou o presidente Jair Bolsonaro durante a campanha presidencial em 2018. Os peritos vão determinar se Adélio ainda oferece perigo à sociededae. Caso o resultado seja negativo, o laudo emitido pode libertar Adélio.

Caso o juiz responsável pelo caso também entenda que Adélio não sofre mais dos transtornos que o levaram à internação, o responsável pela facada poderá deixar a penitenciária federal de Campo Grande. Adélio não sofrerá outras sanções caso seja considerado recuperado e poderá deixar a internação — sendo avaliado de tempos em tempos para verificação de alguma possível piora no estado mental.

O laudo da perícia pode levar até 30 dias para ser emitido e adecisão da Justiça só ocorre quando o documento ficar pronto. Adélio foi diagnósticado com Transtorno Delirante Permanente-paranoide, quando o paciente não consegue diferenciar fatos criados pela própria mente com o que é real.

Ele está internado desde 6 de setembro de 2018, quando cometeu o atentado. Bolsonaro era carregado por apoiadores num comício pelas ruas de Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, quando sofreu uma facada na região abdominal.

Bolsonaro foi submetido a uma série de procedimentos cirúrgicos. O agressor foi preso em flagrante e disse que cometeu o crime a mando de Deus. Ele foi preso preventivamente e encaminhado para Campo Grande.

Adélio Bispo de Oliveira foi absolvido impropriamente pelo juiz federal Bruno Savino em 14 de junho de 2019. A absolvição imprópria é um dispositivo que pode ser aplicado aos réus considerados inimputáveis. O réu não é sentenciado a uma pena, mas deve cumprir medida de segurança. No caso de Adélio, a prisão preventiva foi convertida em internação.

O magistrado aplicou a internação contra Adélio por tempo indeterminado enquanto não fosse verificada a “cessação de periculosidade”, o que deveria “ser constatado por meio de perícia médica” ao fim do prazo mínimo de três anos. Ou seja, três anos a partir da data da sentença do réu. Adélio então poderá ser reexaminado a partir do meio do mês que vem. A própria Justiça Federal deve definir quando serão realizados os exames da reavaliação de Adélio.

Circunstâncias do crime

 

A Polícia Federal abriu dois inquéritos sobre o caso. No primeiro deles, sobre as circunstâncias do crime, concluiu que Adélio agiu por motivação política, mas que ele sofria de distúrbio mental. No segundo, a investigação foi para saber se havia um mandante do atentado. O inquérito chegou à conclusão de que não houve participação de terceiros. A investigação foi reaberta no ano passado e ainda está em curso.

Durante o processo judicial, Adélio foi considerado inimputável, ou seja, alguém incapaz de compreender o crime que cometeu em razão de doença mental. As perícias realizadas durante o caso revelam que ele foi diagnosticado com transtorno delirante persistente.

O psiquiatra forense Hewdy Lobo Ribeiro elaborou o laudo apresentado pela defesa no processo judicial. Questionado, ele descreve o que caracteriza o transtorno: “É quando o indivíduo tem certezas incorretas, distorcidas, e ele mantém esses entendimentos mesmo que tenha argumentação lógica para mudar essas ideias errôneas. Em função desses entendimentos, dessas interpretações, distorcidas da realidade, tomam-se comportamentos absolutamente inapropriados em diversas esferas da vida, como, por exemplo, comportamentos agressivos graves”, afirma.

 

 

Por; R7