A equipe da Delegacia da Polícia Civil em Sorriso/MT prendeu em flagrante um empresário de 55 anos pelos crimes de ameaça, violência psicológica e exploração sexual de adolescente. Porém, a adolescente alegou que tem o consentimento dos pais para “ficar” com o comerciante, cujo nome não foi informado à imprensa.

Segundo a delegada responsável pelas investigações, Jéssica Assis, a fala de que supostamente a jovem “não era forçada a ter relações sexuais” com o empresário é irrelevante para fins penais, e o caso continuará sendo tratado como exploração sexual da adolescente.

Legalmente, o consentimento de uma criança ou adolescente não descaracteriza o crime de submissão à exploração sexual previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Por meio do Instagram do Portal Sorriso, a menor disse que declarou o seguinte na delegacia: “eu fiquei com ele porque queria e deixei bem claro no depoimento e com o conceito do meu pai e da minha mãe. A polícia entrou na minha casa, que eu estava de favor, sem mandado”.

Conforme a Polícia Civil, o Núcleo de Atendimento à Mulher, Criança e Idoso recebeu denúncias de ex-empregadas do suspeito, que relataram episódios de assédio, constrangimento e importunação sexual no ambiente de trabalho. O empresário tem uma loja de variedades e um hotel em Sorriso.

Uma das vítimas relatou que o empregador ordenou que ela se trocasse e usasse uma roupa mais justa, e tentou forçar entrada no banheiro em que ela estava, além de ter lhe apertado o braço na intenção de intimidá-la, quando ela disse que o denunciaria.

Em outro relato, segundo a polícia, uma vítima declarou que o suspeito a ordenou que ficasse nua, quando ele desconfiou de que estaria sendo furtado. Uma das vítimas começou a ser ameaçada pelo suspeito, que mandou mensagens dizendo que colocaria alguém para pegá-la porque ela estava tentando roubá-lo.

Diante das ameaças, a equipe de policiais civis realizou diligências e localizou o empresário no local de trabalho, na tarde desta terça-feira (10), e o conduziu em flagrante à delegacia.

Na empresa, os investigadores encontraram uma adolescente, de 16 anos, que, de acordo com o relato das outras vítimas, estava sendo explorada sexualmente pelo agressor, que lhe fornecia moradia em troca de sexo, além de lhe dar drogas.

A delegada Jéssica destaca que o caso investigado evidencia a cultura do estupro no ambiente de trabalho e a naturalização da violência.

“Toda essa situação criminosa foi tratada pelo suspeito como uma prerrogativa decorrente da relação patronal, e pelas vítimas, como um percalço inevitável da dinâmica empregador e empregado, que deve simplesmente ser aturado. São jovens iniciando sua jornada profissional, já tão prematuramente repleta de máculas de exploração, violência, humilhação e truculência”, pontuou a delegada responsável pelo Núcleo da Mulher.

Por; Portal Sorriso