Advogado é preso por injúria racial no DF após se recusar a usar máscara e xingar caixa de supermercado de ‘preta imunda’, diz polícia

Um advogado de 60 anos foi preso, nesta quarta-feira (15), após se recusar a usar máscara em um supermercado do Itapoã, no Distrito Federal. De acordo com a Polícia Civil, Everardo Braga Lopes foi detido por injúria racial ao chamar uma funcionária negra, de 25 anos, de “preta, imunda, nojenta, pobretona e fedorenta”.

O delegado à frente do caso, Paulo Henrique Silva Feitosa, da 6ª Delegacia de Polícia, do Paranoá, informou que o suspeito estava no supermercado sem máscara, quando a funcionária pediu para ele usar o acessório, que é obrigatório. Irritado, o homem deu início à uma discussão.

Em seguida, segundo o investigador, o advogado, que é branco, foi até o caixa e começou a reclamar sobre o preço do produto e a discutir com a funcionária.

“Nesse momento, ele chegou a tirar a máscara da vítima, a xingou e começou a passar a mão na pele dele, dizendo que a própria cor era superior”, disse o delegado.

 

O crime foi registrado como lesão corporal e injúria racial, além do cumprimento de um mandado de prisão (veja detalhes abaixo). Em nota, a Seccional do DF da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que a norma da instituição prevê instaurar processo disciplinar em denúncias comprovadas, caso o Tribunal de Ética e Disciplina (TED) seja acionado.

A reportagem também falou com a vítima, que disse estar muito abalada para conversar. Por isso, o g1 optou por preservar o nome dela.

Máscara de proteção facial é obrigatória em ambientes fechados, no Distrito Federal, como em supermercados, devido à pandemia do novo coronavírusO item deixou de ser exigido em espaços ao ar livre.

Prisão

 

Após os xingamentos, as polícias Civil e Militar foram chamadas e conduziram o suspeito à delegacia. Antes disso, funcionários disseram à polícia que o homem chegou a informar que era juiz e que não poderia ser preso ou tocado, além de ter agredido um segurança do estabelecimento.

Na delegacia, os policiais constataram, que, na verdade, Everardo é advogado e, não, juiz, conforme havia informado. Além disso, os agentes identificaram um mandado de prisão preventiva por violência contra mulher em desfavor do suspeito, que foi preso.

A polícia informou que o mandado foi expedido também nesta quarta-feira (15), em uma acusação do Ministério Público, feita pela ex-mulher dele. Os investigadores, no entanto, não detalharam o caso.

Na delegacia, Paulo Henrique informou que Everardo disse que “afirmou brincando ser juiz” e que apenas xingou a funcionária de “vagabunda”. Além disso, confirmou que chamou ela de “preta”, mas afirmou que não era racismo.

De acordo com a legislação brasileira, o crime de racismo é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade. Por exemplo, impedir que negros tenham acesso a estabelecimento comercial privado.

Já com base no Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro, utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima.

POR; G1