Banheiro de escola vira alvo de polêmica entre diretor e deputado federal no DF: ‘Fake news’

Uma polêmica envolvendo um banheiro na Escola Classe 01 do Paranoá, no Distrito Federal, levou à decisão de exoneração da do diretor da unidade. A questão envolve um sanitário que tem as placas indicando uso feminino e masculino (foto acima).

Na quarta-feira (12), o deputado federal Júlio César Ribeiro (Republicanos) publicou nas redes sociais uma foto do banheiro, afirmando que ele é “unissex” e pedindo “providências quanto à situação”. “Não iremos admitir medidas impositivas lideradas por um determinado grupo de pessoas que não respeitam o desenvolvimento psicológico de nossas crianças”, escreveu.

Nesta quinta (13), o diretor da escola, Claudinei Batista dos Santos disse ter sido informado que será exonerado do cargo. Ele alega que foi alvo de “fake news” e que o banheiro era para uso de crianças menores, sob uso supervisionado e alternado.

“Não é um banheiro unissex, como levam a crer as fake news. É um banheiro de educação infantil, todo adaptado para crianças de 4 e 5 anos. Ou usava menina, ou usava menino, cada um por vez e supervisionado por professores”, disse o educador ao g1.

 

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação informou que “não irá se pronunciar” sobre o caso. Já a assessoria de imprensa do deputado Júlio César disse, em nota, que “tomou conhecimento do caso por meio de denúncias enviadas pelos pais dos alunos da escola” (veja íntegra ao fim da reportagem).

“A medida tomada pela Secretaria de Educação, ao exonerar o diretor, demonstra que a pasta apurou o caso e afastou qualquer possibili~dade do fato ter sido apenas uma FAKE NEWS”, diz parlamentar.

 

Nesta quinta, funcionários fizeram um protesto contra a exoneração do diretor.

Postagem de deputado

A Escola Classe 01 do Paranoá atende 890 alunos de 4 a 10 anos. Na postagem sobre o suposto banheiro unissex, o deputado Júlio Cesar Ribeiro disse que entrou em contato com a coordenação de Ensino do Paranoá e até mesmo com a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, para “pedir que tomassem providências sobre a situação”.

Em seguida, fez uma nova publicação. “Prontamente já tomaram medidas sobre o caso. Estamos atentos! Não iremos admitir medidas impositivas lideradas por um determinado grupo de pessoas que não respeitam o desenvolvimento psicológico de nossas crianças.”

Exoneração

 

Após a polêmica criada nas redes sociais, o diretor da escola diz que foi avisado da demissão pela pasta. “Estamos há três anos nessa escola e a transformamos em uma das melhores do DF, para sermos alvos de fake news. Ninguém foi até o colégio apurar nada. Não tive nenhum apoio. Simplesmente nos tacaram na cova dos leões e deixaram a opinião pública nos julgar”, reclama.

Ele reforça que o banheiro era usado por alunos da educação especial, mas que foi todo reformado, com instalação de vasos e pias pequenas. Claudinei diz que aguardava verba para poder reformar outro banheiro na escola, e então separar de vez o uso do espaço.

“Como fizemos um outro banheiro todo adaptado para cadeirantes, o uso desse banheiro passou a ser exclusivo para crianças de 4 e 5 anos. Ou meninas usavam primeiro, ou os meninos, ou vice-e-versa. Mas nunca iam misturados ou sozinhos. Sempre eram acompanhados por adultos”, garante o diretor.

 

O professor diz que também foi alvo de ataques nas redes sociais. “Foi muita covardia o que aconteceu com a escola. Aqui no Paranoá, tem várias escolas na mesma situação, mas até recebemos ameaças. Embrulhou meu estômago o nível de comentários das pessoas.”

“Sabendo que hoje o fundamentalismo, a questão de gênero e de partido está aflorada, tem que ter responsabilidade nas divulgações. As pessoas começaram a atacar e poderosos da política se aproveitaram disso e se promoveram”, diz o diretor.

Por conta da confusão, o educador também fez uma postagem nas redes sociais. Confira íntegra abaixo:

“O banheiro, na verdade, é da educação infantil, onde professores e monitores levas as crianças. E é todo adaptado. Venho a público me manifestar sobre as fake news que estão circulando a respeito dos banheiros da Escola Classe 01 do Paranoá, do qual exerço a gestão até o momento.

A escola sempre teve banheiros separados por gênero. As crianças, de 04 e 05 anos – Educação Infantil, usam os vestiários de forma separada, com total segurança e preservação de suas privacidades.

O que acontece é que a escola além de atender essa faixa etária (04 – 05 anos) também atende crianças da Educação Especial, tratando-se de uma escola inclusiva, em razão das idades e dos perfis todas as crianças sempre vão acompanhadas de seus professores ou monitores ao banheiro. Tratando-se de um banheiro adaptado a crianças muito pequenas, que JAMAIS vão lá sozinhas.

Este banheiro serve apenas para que os e as docentes acompanhem os menores, não se trata de um banheiro unissex para os alunos, conforme levam a crer as fake news.

Reitero: crianças maiores, demais professores e servidores usam os vestiários devidamente separados por gênero.

Outrossim, destaco que existe ainda mais 01 banheiro a ser disponibilizado para nossas crianças após conclusão de devida reforma e corretas adaptações funcionais para nossas crianças especiais.

Em virtude das mentiras espalhadas para atender a pedidos descabidos e interessados que desejam usar politicamente desta mentira para se promover – foi encaminhado para publicação a minha exoneração. Colocando em cheque minha reputação profissional, bem como todo o excelente trabalho que vem sendo realizado por toda equipe escolar.

Declaro que estou muito tranquilo, porque sei que sempre conduzi a direção da escola da maneira mais séria, ética e respeitosa. Lamento profundamente que autoridades recorram a fake news para autopromoção e reafirmo meu compromisso com a proteção das crianças e dos colaboradores sob minha responsabilidade, seja como professor ou como gestor”.

Claudinei Batista dos Santos – Diretor da Escola Classe 01 – Paranoá/DF”

O que diz o deputado Júlio César Ribeiro

 

Confira a íntegra da nota do parlamentar:

“O deputado Julio Cesar tomou conhecimento do caso por meio de denúncias enviadas pelos pais dos alunos da escola.

O parlamentar entrou em contato com a secretária de Educação, sra. Hélvia e com o coordenador de ensino, sr. Raniery para que averiguassem o caso.

A medida tomada pela Secretaria de Educação, ao exonerar o diretor, demonstra que a pasta apurou o caso e afastou qualquer possibiliade do fato ter sido apenas uma FAKE NEWS. Importante ressaltar que o Art. 5 Inciso IV do Decreto 30.769/1999 que estabelece o projeto arquitetônico das escolas do DF, deixa claro que as “instalações sanitárias devem ser indepedentes para cada sexo e separadas paa alunos, professores e funcionários”.

 Por; G1