Bebê de 9 meses sofre com ferida aberta na perna e mãe denuncia erro de vacinação em posto de saúde
Nascida no dia 12 de março de 2021 de parto cesárea, a bebê Maria Laura, atualmente com 9 meses, está com uma ferida na perna esquerda, acima do joelho, que não cicatriza. De acordo com a mãe da menina, Reijane Borges de Almeida, que é técnica de enfermagem, o problema foi causado por um erro de vacinação.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a mãe informou que, no dia 16 de março de 2021, o pai da criança e a irmã, a levaram para tomar as vacinas contra BCG e Hepatite na Unidade Básica de Saúde (UBS) Caseb II, quando ocorreu o incidente.
“Como eu não podia descer as escadas, que minha casa é de andar, meu esposo e minha filha foram levar. Quando chegou lá foi feita a BCG no local certo, já a vacina da Hepatite, na perna, foi dada no local errado. Ela, a enfermeira, ainda falou que minha filha era muito nervosa. E quando chegou em casa eu falei que Maria tinha sido vacinada errado, pois não se vacina a criança perto do joelho, se vacina na lateral da perna. Apareceu uma manchinha vermelha e foi crescendo, e todo local que eu chegava o povo perguntava e eu dizia que tinha sido uma vacina”, contou a técnica de enfermagem.
Segundo Reijane Borges, com quatro meses apareceu um hematoma na perna da bebê, semelhante a um furúnculo, que crescia e murchava. Ela informou que procurou uma pediatra e foi até o posto de saúde para reclamar da situação.
“Procuramos saber quem vacinou minha filha errado e a posição que o posto iria me dar. No cartão de vacinação só tinham as iniciais dela, e o posto me jogou para a Secretaria de Saúde, que mandou procurar o coordenador do posto. Ele, o coordenador, marcou para Maria passar por uma pediatra, que atendeu, tenho o relatório, e ela disse que era com infectologista. Voltei para o coordenador, que ficou para marcar um infectologista no Hospital da Criança. Maria inflamou a perna de novo e apresentou um quadro de febre. Como eu não quis esperar a consulta, e ela tinha um plano que não cobria, a gente pagou 390 reais no infectologista. Ela passou medicação e não resolveu, quando viu que não era mais da alçada dela, me indicou um cirurgião pediátrico”, relatou sobre o episódio.
Reijane Borges disse ao Aciorda Cidade, que no dia 13 de dezembro do ano passado, Maria Laura passou por cirurgia na perna em um hospital particular da cidade. No entanto, como a criança se movimenta muito, a ferida abriu novamente e a menina está tomando antibióticos. “Levei na emergência e não melhorou. Se não fechar, vai ter que novamente fazer outra raspagem porque não pode deixar aberto.”
Diante de tantas idas e vindas, as despesas com o tratamento da criança e o desgaste emocional que vem passando com o sofrimento da bebê, a mãe disse que resolveu denunciar e pediu Justiça. Ela destacou que até o momento, a Secretaria de Saúde não revelou quem foi a servidora responsável pela vacinação da filha, como também não prestou nenhuma assistência.
“No primeiro momento, pensei em cuidar da bebê, correr atrás da saúde e do bem estar dela, para depois eu correr atrás dos meus direitos como mãe. Eu já vinha procurando o posto de saúde e a Secretaria de Saúde, sem ter retorno. Se eles tivessem me dado o retorno, eu não chegava ao ponto de hoje estar denunciando. Estou tendo despesas, as consultas com infectologista a gente paga porque não tem disponível no plano. Eles ficaram de me ressarcir e até hoje não recebi. Gasto com transporte porque meu marido trabalha e eu subo e desço com Maria de aplicativo. Então são muitos os gastos, fora o emocional e o sofrimento da criança. Até hoje não recebi nenhuma ligação da Secretaria de Saúde depois de eu ir muitas vezes lá. A menina da junta médica até me ajudou até certo ponto, mas depois não pôde mais ajudar, porque só era a Rede de Frio e o posto que fez a vacina. Uma moça da secretaria ficou de me retornar, mas até hoje não me deu resposta.”
Indignada, a mãe disse que desde que se iniciou a peregrinação até o posto e a secretaria de saúde, nunca conseguiu descobrir quem foi a servidora.
“Fui ao posto, a enfermeira me atendeu e disse que já tinha enviado a notificação para a Secretaria, mas não me deu cópia. Reivindiquei o livro da vacinação, porque em toda vacinação tem que ter o nome da vacina, o lote, a data e quem vacinou. Então se um posto de saúde tem uma técnica de enfermagem trabalhando e não tem o nome, que ninguém sabe se ela trabalhou, então quero saber se ela é fantasma lá dentro. Se ela é contratada tem que ter a identificação. Preciso saber quem fez isso com minha filha, é um direito meu. Ela precisa ser punida, vou lutar até o fim. Uma pessoa dessa não pode ficar trabalhando. Meu marido é assalariado, ganha R$ 1.400 por mês, e eu sou técnica de enfermagem. Trabalhava em um hospital de Feira de Santana e abri mão para cuidar de Maria”, desabafou.
O que diz a Secretaria de Saúde
Questionado sobre as providências que serão adotadas pela Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana, o secretário Marcelo Britto afirmou que a mãe precisa levar o caso com todos os documentos para a ouvidoria da secretaria para abrirmos uma apuração. Se confirmado um erro técnico, é feita uma investigação juntamente com o Conselho Regional de Enfermagem (CRE).
“Eu vou apurar se dentro da legislação foi feita a técnica correta e o que foi executado e a partir daí posso tomar providências administrativas, desde uma advertência a uma demissão”, afirmou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.