Cada segundo importa: Ministério da Saúde lança Linha de Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio

Uma doença silenciosa que mata, em média, 114 mil brasileiros por ano. A cada hora, pelo menos 13 pessoas perdem a vida para um infarto no Brasil. Para diminuir o risco de morte, o atendimento de urgência e emergência, nos primeiros minutos, é fundamental. O Ministério da Saúde lançou, nesta terça-feira (7), a Linha de Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio — uma série de estratégias para aprimorar o atendimento e tratamento para combater a principal causa de morte no país.

A portaria que redefine o conjunto de ações estratégicas da Linha de Cuidado, foi assinada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no Instituto do Coração (Incor) em São Paulo (SP), e prevê um impacto financeiro de cerca de R$ 41 milhões para todas as regiões do Brasil. Na cerimônia, o ministro falou do avanço nos procedimentos cardíacos ao longo dos anos e reforçou a importância da iniciativa, que prioriza o tratamento pré-hospitalar por meio da tecnologia . “A despeito dessas inovações estarem incorporadas no SUS há décadas, ainda temos pacientes que chegam aos hospitais tardiamente, o que dificulta com que consigamos reduzir os índices de mortalidade”, alertou.

De acordo com ele, o investimento no uso de medicamentos e procedimentos adequados no tratamento das urgências cardíacas será fundamental para ampliar o sucesso nos atendimentos. “As 635 Unidades de Suporte Avançado do SAMU que existem no país, com os trobolíticos e com médicos na ponta, e com auxílio da telecardiologia e do tele-eletrocardiograma, poderão salvar muitas vidas”, reforçou o Queiroga.

O diretor-presidente do Incor, Roberto Kalil Filho, ressaltou que as doenças cardiovasculares vêm causando, há décadas, a morte de muitas pessoas e reforçou que a linha de cuidado é essencial. “Um programa como esse, com a trombólise pré-hospitalar e outras inovações, sem dúvida nenhuma, salvará milhares de vidas”, disse. O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Celso Amodeo, também destacou a importância da iniciativa.“Este projeto vem para uniformizar o atendimento básico no Brasil. Músculo é tempo, por isso, quanto mais precocemente agirmos em relação a um infarto, melhor será o atendimento aos pacientes”, completou.

A cerimônia desta terça-feira (7) foi transmitida simultaneamente de outros quatro institutos de referência em cardiologia: Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal; Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro (RJ); Pronto-Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco (Procape), em Recife (PE); e Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS).

 

Estratégias

 

Conhecido popularmente como “ataque cardíaco”, o Infarto Agudo do Miocárdio acontece quando há um bloqueio do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco. Sem sangue, o tecido do coração perde oxigênio, o que pode levar à morte. Em uma situação de urgência como essa, os primeiros minutos são essenciais para o paciente e a abordagem correta diminui o risco de óbitos.

Por isso, na Linha de Cuidado, o Ministério da Saúde expande e qualifica as ações de telemedicina e tele-ECG (Eletrocardiograma) no SAMU. O Eletrocardiograma é o exame que avalia a atividade elétrica do coração, observando o ritmo, quantidade e velocidade dos impulsos elétricos, para detectar alguma anormalidade. A emissão do laudo pode ser feita a distância, ainda no atendimento pré-hospitalar, para agilizar as ações necessárias nos primeiros minutos. O exame que pode ser feito em uma Unidade de Suporte Avançado (USA), por exemplo, foi incluído na Tabela de Procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS).

Essa nova estratégia também institui o uso da trombólise pré-hospitalar durante o atendimento no SAMU. O trombolítico é um medicamento que atua na dissolução do coágulo, para restaurar o fluxo sanguíneo. A aplicação feita nos primeiros minutos diminui o risco de sequelas e morte. Para isso, a Linha de Cuidado promove a comunicação imediata entre o serviço de urgência e emergência e o hospital que irá receber o paciente, com expedição de laudo de eletrocardiograma e uma segunda opinião à distância. Assim, os responsáveis pelo primeiro atendimento terão segurança para aplicar o medicamento, dentro do tempo recomendado, com o auxílio da equipe médica preparada para atender o caso no hospital.

O Ministério da Saúde também reajusta os valores dos procedimentos relacionados à trombólise pré-hospitalar e hospitalar para o Infarto Agudo do Miocárdio, além do reajuste para procedimentos como cateterismo cardíaco adulto e pediátrico. A angioplastia coronariana, procedimento minimamente invasivo para desobstruir e aumentar o fluxo de sangue para o coração, também será reajustada na tabela SUS e migrará para outro tipo de financiamento, por meio do Fundo de Ações Estratégicas e Compensações (FAEC).

A portaria ainda institui a mudança da angioplastia coronariana eletiva para a modalidade do tipo ambulatorial. Isso significa que o paciente poderá ter alta algumas horas após o procedimento, se estiver dentro dos critérios clínicos necessários. A alteração irá melhorar a qualidade de vida do paciente e promover maior disponibilidade de leitos para o SUS.

A nova estratégia cria ainda o procedimento de fisioterapia para reabilitação dos pacientes que sofreram Infarto Agudo do Miocárdio. O tratamento é necessário já que muitas pessoas apresentam perda na capacidade funcional, com dificuldade de retornar às suas atividades familiares, sociais e profissionais. A estimativa do Ministério da Saúde é que cerca de 85% desses pacientes irão se beneficiar com o atendimento fisioterapêutico pelo SUS e melhorar a qualidade de vida.

 

Cuidados com o coração no SUS

 

O lançamento da Linha de Cuidado amplia ainda mais os atendimentos, procedimentos e tratamento para doenças cardíacas pelo SUS. A rede pública conta com 311 estabelecimentos de saúde habilitados em alta complexidade cardiovascular no Brasil. Em média, são feitos mais de 128 mil procedimentos por ano relativos ao Infarto Agudo do Miocárdio, como angioplastias, cateterismos, intervenções cirúrgicas, entre outros. O investimento, em média, nesses procedimentos é de R$ 500 milhões por ano.

Ministério da Saúde