Campanha alerta mulheres sobre perigo do “silêncio” da endometriose

Silenciosa e dolorosa, a endometriose pode causar sérias dificuldades à vida de uma mulher, caso não seja diagnosticada e tratada a tempo. Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos foram feitos no Sistema Único de Saúde (SUS) e oito mil internações registradas na rede pública de saúde de casos de mulheres com endometriose.

A endometriose se trata de uma doença inflamatória que ataca o tecido do útero, ovários, bexiga, intestino, reto, nervos e peritônio. Localizado na parte externa do útero e responsável pela menstruação, o endométrio também pode se expandir em outras partes do corpo.

Em alusão e conscientização da importância do diagnóstico precoce, a campanha “Março Amarelo” faz um alerta sobre a endometriose. A doença pode causar dificuldade para mulheres engravidarem, mas não significa que serão inférteis. Depois de diagnosticada, é  importante seguir orientações médicas para que a gravidez seja bem-sucedida.

Segundo o médico especialista em endometriose e cirurgia bariátrica, Osvanio Pimenta, o acompanhamento ginecológico é o primeiro passo para a identificação da doença e fundamental no diagnóstico precoce, principalmente em casos de endometriose profunda.

“A endometriose começou a ter um diagnóstico mais eficaz na questão do tratamento há pouco tempo, mas ainda existe muita dificuldade de reconhecer e diagnosticar a doença, porque o principal sintoma é a dor pélvica, que as vezes vem no período menstrual. E culturalmente as mulheres, desde a primeira menstruação, são informadas pelos familiares de que, nesse período, é normal sentir dor. E, nisso, demora-se muito para procurar um médico, um ginecologista ou especialista para investigar”, explica o médico.

De acordo Osvanio, os principais sintoma da patologia são cólica no período menstrual, que pode ocorrer também fora desse período, sangramento durante a relação sexual, alterações no intestino (diarreia ou ressecamento), com intensidade no período menstrual, e alterações urinárias, mas alerta que em alguns casos a doença age silenciosamente.

“O principal sintoma é dor pélvica ou a cólica menstrual, mas também não quer dizer que a paciente que não tenha dor não possa ter endometriose. Cerca de 10 % das pacientes que têm a doença não têm sintoma algum. Por isso, um acompanhamento com ginecologista é importante, não só nesse caso, mas para qualquer outra mudança na saúde”, frisa.

A endometriose é uma doença que atinge somente as mulheres. Normalmente é mais comum no período fértil, desde a adolescência até a transição para a menopausa. Em alguns casos, a doença pode provocar a infertilidade, como, no caso da professora Fabiana Silva, de 38 anos, que foi diagnosticada com a doença quando tentava engravidar.

Fabiana contou ao HNT que, em 2016, passou por um procedimento para retirada de uma verruga. Naquela época, os exames já apontaram a endometriose, mas a professora não buscou nenhum especialista. Em 2017, na tentativa de engravidar, descobriu que a doença tinha avançado.

“Meu exames de rotina sempre deram normais, nunca senti cólicas menstruais. Descobri quando comecei as tentativas para engravidar. Um médico pediu exames das tropas e ressonância pélvica. E, quando ele viu o resultado, já disse que eu iria precisar passar por uma cirurgia. No meu caso, já estava no grau considerado severo”, conta Fabiana.

A professora passou pela cirurgia em 2019. Ela precisou retirar parte do intestino. Desde então, ela faz acompanhamento com médicos, mas até o momento, não conseguiu engravidar.

O médico destaca que ainda não existe esclarecimento do que provoca a doença, mas existem alguns estudos que direcionam para o refluxo da menstruação.

“Parte interna do útero é revestida por um tecido chamado endométrio, que é estimulado pelos hormônios dos ovários no período menstrual. Nesses dias, pode acontecer do conteúdo menstrual escorrer e cair pelas trompas, indo para dentro da barriga, que é o refluxo menstrual”, explica Osvanio.

 

TRATAMENTO

 

O médico falou também que exames ginecológicos regularmente podem prevenir o agravamento da doença. O uso de anticoncepcionais também pode ajudar a prevenir o desenvolvimento da patologia.

“Quanto mais tempo se leva para um diagnóstico, mais a endometriose vai se disseminando no interior do abdômen, podendo levar à infertilidade por alterações anatômicas, obstrução das trompas, alteração na ovulação, intestino. Por isso, o ideal é a detecção e o tratamento precoce. Além disso, podem ser sugeridos métodos hormonais, como o uso de anticoncepcional. Mas nos casos mais graves da doença, quando os remédios não são efetivos, pode ser necessária a intervenção cirúrgica. O procedimento pode ser feito de forma minimamente invasiva, a partir de técnicas de vídeo, laparoscopia ou cirurgia robótica ”, destaca.

 

Por; Hiper Notícias