Câncer de pênis: nota técnica traz orientações para profissionais de saúde e gestores

No Brasil, o câncer de pênis acomete 1,3 a cada 100 mil habitantes. Embora não seja tão incidente, a doença é agressiva: entre 2007 e 2022, foram realizadas 7.790 amputações do órgão genital decorrentes de câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – cerca de 486 por ano. Com o objetivo de estimular a prevenção e aprimorar a oferta do cuidado integral, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica com orientações para gestores e profissionais da rede.

O documento traz uma série de recomendações que podem ser utilizadas nos atendimentos, para conscientizar e informar a população. A primeira delas aborda a higiene do pênis: é necessário orientar a lavagem regular com água e sabão neutro, puxando o prepúcio totalmente para trás para a higiene adequada da glande e de todo o órgão, além de secar bem a área genital após o banho. Essa prática deve ser adotada em todas as idades, desde a infância. A limpeza também é importante após relações sexuais e masturbações.

No caso de fimose patológica (persistente após a infância) que dificulte a completa exposição da glande, um profissional da saúde deve ser consultado. Entre as outras orientações apresentadas na nota técnica, estão:

  • Informar a importância do autoexame e, ao notar quaisquer alterações no pênis, como feridas, inchaços ou mudanças na cor e textura da pele, buscar atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS);
  • Incentivar o uso de preservativos durante as relações sexuais para prevenir IST;
  • Incentivar a vacinação contra o HPV para a população de 9 a 14 anos;
  • Garantir o atendimento desacompanhado de adolescentes, como estímulo positivo à autonomia e cidadania;
  • Estimular uma dieta saudável e equilibrada, a prática regular de exercícios físicos e cessar o tabagismo;
  • Orientar sobre a higienização adequada para usuários de fraldas.

Medidas para os gestores

O documento também traz recomendações para organizar a rede de atenção à saúde em prol da prevenção ao câncer de pênis. Para gestores estaduais e municipais de saúde, as seguintes medidas são recomendadas:

  • Estabelecer a atenção primária à saúde (APS) como porta de entrada e lócus de seguimento prioritários, permitindo a investigação célere de queixas na região genital;
  • Implementar, em larga escala, estratégias de disseminação de informações para a população sobre a importância de homens procurarem a unidade de saúde para cuidados, independentemente da idade;
  • Qualificar os profissionais de saúde da APS sobre o câncer de pênis, em parceria com serviços de saúde e instituições de ensino, aperfeiçoando a atenção dada aos homens e seus familiares;
  • Fortalecer as ações educativas e de comunicação em saúde direcionadas à população masculina sobre higiene correta dos genitais, uso de preservativos, autocuidado em saúde e prevenção dos cânceres mais prevalentes e outras doenças crônicas não transmissíveis;
  • Instrumentalizar o trabalho das equipes e orientar a população em geral, por meio de publicações institucionais.

Laísa Queiroz
Ministério da Saúde

Saúde e Vigilância Sanitária