Comando Vermelho sequestra 84 pessoas e 57 continuam desaparecidas em Cuiabá

Em sete anos, a facção Comando Vermelho (CV) foi responsável pelo desaparecimento de 84 vítimas na Grande Cuiabá. Deste total, 28 foram localizadas, 20 delas mortas e outras 8 feridas, sobreviventes de agressões e torturas promovidas em “salves” aplicados pelo tribunal do crime. Mas 57 ainda estão desaparecidas e, possivelmente, os corpos estão em cemitérios clandestinos criados pela facção.

Aumento de sequestros é de 2.200%, conforme números do Núcleo de Pessoas Desaparecidas (NPD) da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) relativos a registros de desaparecimentos feitos a partir de 2017, abrangendo Cuiabá, Várzea Grande, Nossa Senhora do Livramento e Acorizal. Mais de 95% dos casos são de Cuiabá e Várzea Grande. Somente este ano, já são 23 vítimas do CV.

Ao longo dos anos, o número vem crescendo assustadoramente. Em 2017 foi uma vítima, 2018 foram duas, em 2019 já saltaram para oito desaparecidos. O número de 10 em 2020 mais que dobrou, saltando para 21 vítimas em 2021 e caindo para 19 no ano passado. Mas esse ano, deve superar os 23 já registrados até sexta-feira (24).

Mas o que preocupa o delegado Caio Fernando Albuquerque, da DHPP, é que os sequestros promovidos por faccionados correm o risco de se tornarem corriqueiros e avançarem das periferias, onde hoje se concentram, para os bairros de classe média e até da elite, com vítimas em todas as classes sociais. Isto porque, hoje a ação dos faccionados mudou e a abordagem violenta, onde as vítimas eram arrancadas de dentro de suas casas ou mesmo apanhadas em vias públicas diante de testemunhas, se tornou sutil.

De acordo com Albuquerque, as últimas investigações mostram que as vítimas são “convidadas” por faccionados a entrarem em um veículo e depois disso nunca mais são vistas ou mantêm contato com a família. Não despertam suspeitas de testemunhas e nem chamam atenção. Em muitos casos, são atraídas para supostas festas ou encontros quando são capturadas pelos algozes sem qualquer chance de defesa.

Hoje, os familiares vão registrar o desaparecimento das vítimas já estão conscientes de que elas estão mortas e só têm a esperança de localizar o corpo para fazer o sepultamento, o que não tem sido possível.

Silvana Ribas

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João Vieira