Departamento Médico Legal no RS troca corpos e desespera famílias

Uma confusão triste aconteceu no Departamento Médico Legal (DML) do Rio Grande do Sul: após a morte do irmão de Mauro Nascimento e Silva, em Osório (RS), o corpo foi encaminhado ao Departamento em Porto Alegre, a 105 km. A confusão acontece quando, na hora do reconhecimento do morto, que faleceu por causas naturais, verificou-se a troca do cadáver de Jorge Antônio Nascimento e Silva (foto em destaque), por um outro morto a tiros.

A história piora quando a família descobriu que Jorge já havia sido enterrado no engano.

“Minha sobrinha foi reconhecer e perguntaram se ela queria mesmo ver o corpo, porque estava desfigurado e com marcas de tiros. Foi quando ela percebeu que tinha algo errado, porque meu irmão morreu de causas naturais”, relatou Mauro ao portal Uol.

Os funcionários do DML, quando perceberam o erro, informaram que o corpo do familiar havia sido entregue à outra família e fora sepultado. A confusão só veio a se resolver na noite desta quarta-feira (20/7), quando a família de Jorge conseguiu enfim levar o corpo à cidade de origem, onde foi velado e sepultado.

A família registrou o caso em boletim de ocorrência na 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento de Porto Alegre (DPPA), mas o caso será arquivado. A polícia considera o fato como “atípico”. A informação foi revelada pelo delegado Ajaribe Rocha Pinto, da 10ª DP de Porto Alegre, responsável pela área onde fica o DML.

Ajaribe disse que “não há crime, mas erro de procedimento”, e disse que cabe à corregedoria do Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP) definir se houve crime ou não. Se, na opinião dos corregedores, tiver havido ilegalidade, o caso será encaminhado à polícia.

O IGP admitiu o equívoco e ressaltou que o processo de reconhecimento teria sido primordial para evitar o erro. A diretora do instituto Marguet Mittmann disse que “a outra família estava profundamente abalada com o processo, com a forma violenta em que ocorreu o óbito do seu familiar, e optou por não fazer o reconhecimento visual”.

O Instituto optou por não difulgar o nome da outra vítima. Disse também que o órgão abriu processos administrativos para investigar o que chamou de “série de pequenos acontecimentos” que teria levado à troca dos corpos.

A morte e os problemas

 

O drama começou no domingo (17/7), quando o confeiteiro Jorge Antônio Nascimento e Silva, com 52 anos, morreu de causas naturais. Ele foi encontrado morto pela própria filha, Michele da Silva, que levava almoço ao pai. Eles moravam em casas separadas, mas no mesmo terreno.

“A vizinha ouviu ela gritar e me chamou. Eu moro perto. Fui para lá na hora de moto, mas não me deixaram entrar, porque tinha que aguardar a perícia”, conta Mauro, o irmão do falecido.

A perícia demorou a chegar, porque a unidade de Osório estava fechada e a equipe responsável seria a da capital. No dia seguinte, segunda-feira, a família começou a enfrentar os problemas: um empecilho com o cadastro do falecido junto ao município para o custeio do translado.

Depois, na terça, a descoberta da troca; o quase nulo suporte do DML, segundo a família. “Divulgaram nota dizendo que estavam ajudando, mas não teve auxílio nenhum. Tivemos que fazer até vaquinha para pagar a gasolina das viagens”, conta Mauro.

Mauro conta que trouxe o caso à imprensa justamente para tentar pressionar a liberação do corpo do irmão e impedir que o caso se repita.

 

 

 

Por; Metrópoles