Deputados recebiam propina em mochilas e caixas dentro da AL de MT

Em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), um ex-funcionário de gabinete do ex-deputado estadual Humberto Bosaipo detalhou o pagamento de propina na Assembleia Legislativa em favor dos parlamentares. Identificado apenas pelas iniciais J.B informou que buscava envelopes com quantias de dinheiro para entregar a Bosaipo.

O ex-servidor decidiu colaborar com as investigações. “Olha, ele recebia uns valores mensais que a gente sabia que não era, o cotidiano né? Você não recebia aquilo… que o que você tem a receber de uma instituição, você recebe pela instituição, alguma coisa que ela é…ela é oficial, se eu recebo em espécie, eu não…Então, a gente já desconfiava né?”, declarou.

Conforme J.B, os pagamentos eram feitos em dinheiro e também em cheques. A responsabilidade pela entrega do dinheiro era o então secretário de finanças da Assembleia Legislativa, Edemar Adams, que posteriormente faleceu em decorrência de um câncer.

A partir daí, o pagamento das propinas passou a ser gerenciado pelo secretário geral Luiz Pommot. “Olha, é eu vou dizer para o senhor porque, às vezes, que ia buscar, às vezes, com o secretário de…o secretário de Finanças. Na época era o Edemar. É, às vezes, até com o próprio deputado, ex-deputado José Riva”, revelou J.B.

Outra testemunha identificada como C.V, funcionário que trabalhou no gabinete do ex-deputado estadual José Riva, também detalhou ao Ministério Público o pagamento de propinas em favor dos parlamentares após o desvio de dinheiro concretizado por meio de fraudes em contratos da Assembleia Legislativa com empresas privadas. “A gente ficava na antessala e via o Edemar, entrava todo mês, vamos dizer, assim, né? Às vezes eu não estava ali, estava na rua fazendo algum serviço, mas vi o Edemar sim entrando várias vezes na sala com o Riva, seja com mochila ou caixa”, disse.

 

 A DENÚNCIA

 

O Ministério Público Estadual (MPE) ingressou nesta sexta-feira (18) com três ações civis públicas nas quais requer a devolução de até R$ 38,251 milhões aos cofres públicos por parte de três ex-deputados estaduais. Trata-se de Joaquim Sucena, Humberto Bosaipo e Antônio Severino de Brito, acusados de receber propina mensal com valores variáveis de R$ 30 mil a R$ 50 mil mensal enquanto exerceram mandatos na Assembleia Legislativa.

O dinheiro recebido seria para votar de acordo com os interesses do governo do Estado. De acordo com as ações, é cobrada a devolução de R$ 18,273 milhões de Humberto Bosaipo, R$ 15 milhões de Joaquim Sucena e outros R$ 4,930 milhões de Antônio Severino de Brito.

As ações são desdobramentos das delações premiadas do ex-governador Silval Barbosa e do ex-deputado estadual José Riva. Ambos confirmaram a existência de um esquema de desvio de dinheiro dos cofres da Assembleia Legislativa por meio de contratos simulados mantidos com empresas do setor gráfico, tecnologia da informação e empreiteiras.

 

Por; Folhamax