Fazendeiro acusado de trabalho escravo é suspeito de sonegar R$ 13,5 mi

Com um passado marcado por acusações de irregularidades, o fazendeiro Luiz Pereira Martins Pires (foto em destaque), de 78 anos, considerado um dos maiores empresários do Centro-Oeste, é suspeito de sonegar ao menos R$ 13,5 milhões ao Fisco, entre 2016 e 2018.

Relatório elaborado pela Receita Federal do Brasil (RFB) apontou “possível fraude” em transações pecuniárias entre o fazendeiro e uma de suas principais empresas, a Agropecuária Umuarama. Foi identificado o acobertamento do pagamento de mais de R$ 23 milhões da companhia ao fazendeiro no período, sem a devida arrecadação do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) ou mesmo a contabilização desses valores.

A ocultação, segundo investigação do Ministério Público Federal (MPF), teria sido realizada por meio de pagamentos indiretos, direcionamentos ilegais de verbas e supostas operações de distribuições de lucros não declarados e sequer contabilizadas, prática conhecida como caixa dois.

 

Após pedido encaminhado pelo MPF em 21 de junho, a delegacia da Polícia Federal (PF) em Marabá (PA) abriu um inquérito para apurar o caso.

Luiz Pires deve ser ouvido pela delegacia. Procurado pela reportagem do Metrópoles por meio de contatos que apresentou junto à Receita Federal, o fazendeiro não respondeu. O espaço segue aberto.

O fazendeiro já foi autuado várias vezes por trabalho escravo, acumula multas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por desmatamento e, além disso, foi investigado na Operação Reis do Gado, deflagrada em 2016 pela Polícia Federal, que apurou corrupção e lavagem de dinheiro público no estado do Tocantins. Teriam sido lavados mais de R$ 300 milhões entre 2005 e 2012.

O esquema criminoso contava com o ex-governador do estado, Marcelo Miranda, que teve o mandato cassado em 2018.

Segundo as investigações, Luiz Pires fazia parte do núcleo empresarial, que, em contra de privilégios na administração estadual, com aditivação e recebimentos por contratos públicos, pagava vantagens indevidas ao núclo político, em busca do “lucro fácil” e da “expansão empresarial”.

 

Para garantir o favorecimento, Luiz Pires teria transferido entre 2005 e 2007 as fazendas Ouro Verde/São José, bem como a fazenda Triângulo/Santa Cruz, para a família de Miranda. Os imóveis rurais foram avaliados em R$ 60 milhões à época.

Ao Metrópoles, o advogado Cleber Lopes de Oliveira informou que o crime foi prescrito em relação ao fazendeiro.

“Diante da possibilidade de que o paciente esteja sofrendo constrangimento ilegal, concedo a liminar para suspender o curso da ação penal até o julgamento final do mérito deste Habeas Corpus pela Terceira Turma desta Corte, ocasião em que se poderá, após a pertinente instrução, deliberar quanto à plausibilidade do direito invocado”, assinalou o juiz federal César Jatahy Fonseca, do Tribunal Regional Federal (TRF-1), em março de 2020.

Umuarama

 

O grupo Umuarama é uma empresa do tipo familiar que teve início em meados dos anos 1970, quando Luiz Pires, nascido no interior do Maranhão, teria comprado sua primeira fazenda no Pará. Hoje o grupo atua nos ramos agropecuário, imobiliário e automobilístico, em seis estados diferentes: Tocantins, Maranhão, Pará, Goiás, Minas Gerais e Alagoas.

No segmento automobilístico, o grupo Umuarama iniciou suas atividades 1993 com a bandeira Fiat, em Araguaína (TO), e atualmente possui 21 concessionárias em atividade nos estados de Tocantins, Maranhão, Pará, Goiás e Minas Gerais.

Além da Fiat, o grupo vende também veículos da Volkswagen, Toyota, Kia, Citroën, KTM e Harley-Davidson.

 

Por; Metrópoles