Fraudes no financiamento de veículos oferecem descontos de 50% ou mais; saiba como não cair em golpes
Imagine a seguinte situação: você financiou seu carro, mas está com parcelas pendentes ou atrasadas. Aí recebe uma mensagem do banco oferecendo um acordo – você poderá quitar a dívida pagando apenas 50% do valor total. Parece milagre, não é? Na verdade, isso tem outro nome: golpe.
Por meio de robôs e hackeamento de diversos bancos de dados, os estelionatários têm acesso às informações dos devedores. Entram em contato e propõem um acordo milagroso. Afonso Morais, advogado especialista em combate a fraudes financeiras, alerta: “Esse tipo de acordo não existe, bancos não dão descontos de 50% ou mais do nada”.
O especialista explica que os golpistas geralmente se passam por bancos, assessorias de financiamento ou escritórios de advocacia, fazem a negociação com os devedores e pedem que realizem o pagamento com boletos falsos, transferências bancárias ou Pix. O dinheiro cai na conta das empresas fraudulentas e nenhuma dívida é quitada.
“Quando se passam por escritórios de advocacia, os golpistas chegam a montar um escritório falso, igual a um de cobrança autorizado pelo banco. Assim, passam a cobrar em nome do autorizado usando o logo nas ferramentas de comunicação, como WhatsApp e e-mail”, explica Morais.
Há casos ainda em que assessorias fraudulentas cobram uma taxa de serviço de até R$ 2.000 com a promessa de que resolverão o processo da dívida em uma semana. Algumas até promovem uma ação revisional do contrato de financiamento. Após o pagamento da taxa, as empresas falsas somem e nenhum serviço é prestado.
“Já vi situações nas quais tais assessorias, quando a dívida do financiado já está com ação de busca e apreensão, ficam com o veículo do consumidor sob a alegação de necessidade de esconder o carro para que o banco não o apreenda e acabam vendendo para um terceiro, mesmo estando alienado e com débito”, diz o advogado.
Os devedores só percebem que caíram em um golpe quando recebem a cobrança da dívida que, em tese, já estaria quitada.
Como não cair em golpes?
“A dica principal é: não acredite em milagres. É muito difícil conseguir um desconto de mais de 20% na negociação do financiamento de um veículo”, afirma Morais.
Ele diz ainda que o devedor precisa sempre checar quem está propondo o negócio: “Se você recebeu esse tipo de oferta, ligue para o banco, assessoria ou escritório de advocacia para conferir e só pague o boleto quando ele sair diretamente do site da credora. Não pague boletos recebidos por e-mail ou links pelo WhatsApp. Na hora de realizar o pagamento sempre confira o beneficiário [quem receberá o pagamento]”.
Morais conta que boletos falsos direcionam os valores para a conta dos estelionatários, por isso é importante ficar atento ao nome de quem vai receber o pagamento. Uma transferência verdadeira deve sempre ir para o nome da instituição que presta o serviço ou para o banco.
O que fazer quando cair nesses golpes?
“Ao descobrir a fraude, a vítima deve pegar todas as negociações e provas que tiver, como áudios e prints de conversas com os golpistas, e fazer um Boletim de Ocorrência (B.O)“, orienta o advogado.
O especialista aponta que é possível pedir ressarcimento ao banco, à empresa de assessoria ou ao escritório de advocacia alegando que não havia como perceber que era uma fraude. Em alguns casos, o banco e essas instituições podem sair como culpados no processo por terem deixado vazar as informações de seus clientes.
Por fim, Morais ressalta que os devedores não devem sentir vergonha por terem caído no golpe, e sim usar essa experiência como um alerta: “Além de fazer o B.O., as vítimas devem avisar os conhecidos para que isso não aconteça com eles. Esse golpe está cada vez mais comum, principalmente com a chegada de transferências bancárias rápidas, como as feitas por aplicativos dos bancos e Pix”.
POR; AUTOESPORTE