Homem é amarrado durante surto psicótico e morre em UPA do DF

O motoboy Antônio Marcos, de 33 anos, teve um surto psicótico em frente a uma farmácia no Gama, no Distrito Federal, e foi amarrado durante o socorro, com os braços para trás e a cabeça para baixo. Ele foi encaminhado desta forma até a UPA do Gama, mas não resistiu e morreu na unidade. A família reclama de negligência no atendimento.

O caso foi divulgado pelo Jornal DFTV 1ª Edição. O veículo relatou que a família de Antônio Marcos recebeu vários vídeos sobre o ocorrido. Em um deles, ele está em frente a farmácia com o braço paralisado e dificuldades para falar. Em outra imagem, ele aparece sendo contido por pessoas que passavam pelo comércio.

Segundo a família relatou ao jornal, Antônio teria sofrido um surto. Em outro momento, após passar mal, imagens já o mostram na maca dos bombeiros, mobilizado. Neste momento os braços estão amarrados para trás, e foi assim, segundo familiares do motoboy, que ele chegou e permaneceu na UPA do Gama.

“Ele foi trazido para UPA amarrado, permaneceu amarrado e veio a óbito amarrado”, disse o amigo de Antônio, Leandro Marques, em entrevista à TV.

Antônio passou mal no sábado a tarde e, de acordo com a família, horas depois de chegar ao pronto-socorro, já na madrugada de domingo, o paciente morreu. “Por que que depois que ele já estava calmo, sedada, não trocaram ele de posição? Por que não contiveram ele de barriga para cima? Por que não estabiliziram ele?”, questionou Mikaela Olímpio, prima do paciente.

Patrick Pereira foi quem viu o primo pela última vez na UPA e afirmou à TV que a família está sofrendo pela morte de Antônio. “Ele estava com o nariz sangrando, eu limpei ele, que estava soando muito, e eu não consegui soltar ele. Pediram para eu me afastar para ele se acalmar. Está todo mundo em choque, porque foi uma morte que ninguém esperava”, disse o rapaz. Antônio deixa esposa e uma filha de seis anos.

Em nota, o Instituto de Gestão Estratégica em Saúde do DF (Iges-DF), responsável pela UPA, informou que recebeu o paciente contido mecanicamente pelo Samu em decorrência de agitação psicomotora e extrema agressividade. “Tal conduta, apesar de chocante, por vezes é necessária até o efeito desejado de medicações que controlem a agressividade (contenção química).  Foi atendido prontamente na UPA, sendo tomadas todas as medidas clínicas para a assistência médica”, disse o instituto.

Ainda segundo afirma o Iges-DF, o paciente foi admitido na UPA Gama, classificado em laranja, apresentando desorientação e encaminhado para atendimento imediato onde foram administradas medicações e realizado atendimento médico.

Segundo o instituto, no decorrer do plantão ele apresentou rebaixamento do nível de consciência e evoluiu para parada cardiorrespiratória, por volta das 1h20, onde foi prontamente assistido com manobras de reanimação cardio pulmonar por 56 minutos e intubação oro traqueal.

“Infelizmente, o paciente evoluiu para o óbito, apesar de todo o esforço da equipe. Cabe ressaltar que o IGESDF se solidariza com a dor da família, mas reforça a necessidade das devidas apurações, incluindo o laudo final da necrópsia, para formar uma opinião médica final sobre essa ocorrência, vistos os registros de acontecimentos que antecederam a chegada do paciente a UPA”, acrescentou.

Já o Corpo de Bombeiros informou que em alguns casos de surto psicótico o paciente pode se tornar agressivo e violento, se fazendo necessário a imobilização do mesmo para que seja garantida a segurança de todos. A corporação disse ainda que está apurando o caso.

Também por meio de nota, o Conselho Regional de Enfermagem do DF afirma que “como se trata de uma emergência psiquiátrica, é necessário avaliar o contexto que levou a esse desfecho trágico. As informações disponíveis até agora não permitem concluir o que ocorreu. O caso precisa ser rigorosamente apurado”.

 

Por; Terra