Homem que sequestrou a ex-mulher e matou o namorado dela a tiros é condenado a 23 anos de prisão em MT

José Antônio de Assis, que sequestrar a ex-mulher dele, Larícia Melhorança Reyes, de 36 anos, e matou o namorado dela, Roberto Lemos dos Santos, de 50 anos, a tiros em um posto de combustível, em Cuiabá/MT, foi condenado nesta quarta-feira (28) a 23 anos de prisão por homicídio qualificado. O crime aconteceu em dezembro de 2018.

O julgamento teve mais de 16 horas e foi realizado no Fórum da capital. Conforme a sentença, o condenado não poderá recorrer em liberdade e terá que pagar as custas e demais despesas processuais.

O Tribunal do Júri acolheu a tese do Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) e reconheceu que o homicídio foi cometido por motivo torpe, com emprego de meio que possa resultar perigo comum e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, em concurso material com o crime de sequestro.

De acordo com a denúncia do MP, José Antônio e Laricia foram casados por aproximadamente cinco anos e desse relacionamento tiveram um filho.

Ela já tinha outros dois filhos de uma relação anterior. Por não suportar mais o relacionamento e as constantes agressões sofridas por ela e pelos filhos, Laricia rompeu com José Antônio e chegou a ajuizar ação de divórcio litigioso.

Quando José Antônio tomou conhecimento de que Laricia estava namorando a vítima Roberto Lemos dos Santos, passou a ameaçá-los e segui-los.

Relembre o caso

 

No dia 29 de dezembro de 2018, Laricia estava em um posto de combustível com o namorado, próximo à casa dela, quando José Antônio chegou em um carro preto, puxou a vítima pelos cabelos e disparou contra Roberto.

De acordo com o relato de Larícia, ela, o namorado e dois filhos dela, iriam para uma chácara em Acorizal/MT, a 59 km de Cuiabá, e passaram em casa para alimentar os cachorros.

“Enquanto eu fui colocar comida, o Roberto e os meus filhos ficaram na conveniência do posto”, disse.

Ao voltar e entrar no carro do namorado, ela percebeu que outro veículo estacionou ao lado, mas segundo ela, não imaginou que fosse o ex-marido, pois ele estaria vivendo em Vilhena (RO), com a família dele e com o filho, de 4 anos, fruto do relacionamento com Larícia.

“Ele desceu, sacou a arma e atirou. Me puxou pelo cabelo, me jogou dentro do carro e me algemou no freio de mão e saiu em direção a Cáceres/MT e Pontes de Lacerda/MT, dizendo que iria para Bolívia”, contou.

 

Imagens gravadas pelas câmeras do circuito interno de segurança do posto de combustível mostram a ação de José Roberto.

Segundo Larícia, no percurso o ex-marido a agrediu várias vezes, com socos e tapas no rosto e na cabeça. Ele também a agrediu verbalmente com xingamentos e ameaças.

“Eu pedi misericórdia e para que ele me deixasse na rodovia mesmo, mas ele dizia que precisava de mim como escudo para chegar onde queria”, relatou.

 

A vítima conta que ao chegar em Pontes e Lacerda/MT, a 483 km da capital, o ex ligou para a família dele que deu suporte para a fuga.

Após ser deixada, Larícia conta que correu até as margens da BR-070 e pegou carona até a Polícia Federal (PF). Ao relatar o que havia ocorrido, foi encaminhada para a delegacia de Polícia Civil, onde prestou esclarecimentos e esperou que a família fosse buscá-la.

Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), chegou a investigar se José Antônio recebeu apoio de familiares para fuga. A delegada Jannira Laranjeira disse que as informações seriam de que ele tivesse alugado o carro preto, usado na ação, também para fugir do país, com destino ao Paraguai.

Porém, segundo ela, o suspeito teria mudado de rumo e voltou para a região onde a família dele mora, em Pontes e Lacerda/MT.

Medida protetiva

 

Laricia contou que José Antônio descumpriu a determinação da Justiça de não se aproximar dela. A medida protetiva foi concedida em novembro de 2018, depois que o suspeito invadiu a casa dela e a manteve em cárcere privado por cerca de 5 horas.

De acordo com a vítima, o casal já havia assinado o divórcio e não moravam mais juntos, quando ela foi surpreendida dentro de casa pelo ex-marido.

“Quando eu em casa, ele estava lá, armado, amarrou meus braços e pernas, me bateu no rosto e na cabeça, e a todo momento me ameaçava. Ele ligou para a minha família e disse que me mataria e depois de se mataria”, contou.

 

 

José Antônio foi preso quatro dias depois do sequestro, em Pontes e Lacerda/MT. De acordo com a Polícia Civil, ele estava escondido em uma chácara, na região da Gleba Lavrinha, zona rural do município, junto com a mãe dele e o filho, de 4 anos.

Segundo o delegado Gilson Silveira do Carmo, o suspeito foi localizado depois de denúncias anônimas. E após 6 horas de negociação, ele se entregou. José Antônio também fez várias exigências que foram atendidas para que a negociação fosse concluída.

“Ele alegou que cometeu os crimes em razão de supostas provocações sofridas por parte de Roberto”, disse o delegado.

 

Em depoimento à Polícia Civil, ele confessou que atirou no namorado da ex-mulher. No entanto, negou que tenha agredido Larícia.

José Antônio também relatou que não se lembra da sequência dos fatos, mas que quando saiu do Cuiabá/MT levando a Larícia, a intenção dele era apenas sair da cidade e não ir para Pontes e Lacerda/MT e somente pensou nessa possibilidade depois de passar em Várzea Grande/MT, região metropolitana de Cuiabá.

Relatou que ao chegar em Pontes e Lacerda/MT pediu ajuda à irmão dele e telefonou para outra pessoa que estava com o filho do casal, pedindo para que essa pessoa, que ele preferiu não identificar, levasse o filho até ele.

Essa mesma pessoa que foi buscá-lo, o levou para uma região de mata, considerada segura para aquele momento. Ele disse que chegou a montar uma barraca de palha para ele e o filho e que, posteriormente a avó paterna da criança foi encontrá-los.

O suspeito relatou ainda que, no dia 31 de dezembro, percebeu a aproximação dos policiais e tentou fugir, mas, em determinado momento pensou na segurança do filho e resolveu se entregar.

Uma das exigências como condição para que se entregasse, foi de que ele teria um advogado e que o filho ficasse sobre a guarda da avó e não fosse devolvido a Larícia.

Por; G1 MT

Foto; PC MT