Juiz condena engenheiro e mais 2 por construir túnel para fuga na PCE

O túnel foi descoberto em setembro de 2022 em uma residência alugada no Bairro Pascoal Ramos

Divulgação/PJC

Túnel foi aberto em uma residência alugada no Bairro Pascoal Ramos

THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO

A Justiça condenou o engenheiro Anderson Ramos da Cruz a oito anos e três meses de prisão, em regime inicial fechado, por participar da construção de um túnel para fuga em massa de presos da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá.

 

A decisão é assinada pelo juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, e foi publicada nesta segunda-feira (19).

 

Além dele, também foram condenados Oziel Jorge do Nascimento e Felipe Michael Passos Correlo. Já Jéssica Pereira de Jesus, Conrado Rego Ribeiro e Luiza Vieira da Costa foram absolvidos.

 

Na mesma decisão, o juiz manteve a prisão do engenheiro, de Oziel e Felipe. E revogou a prisão domiciliar de Luiza e todas as medidas cautelares impostas a Jéssica e Conrado.

 

Fuga em massa

 

O túnel foi descoberto em setembro de 2022 através de uma denúncia anônima feita à Polícia Civil e resultou na prisão de 12 pessoas em flagrante, todas oriundas do Estado do Piauí.

 

A passagem estava sendo construída em uma residência alugada no Bairro Pascoal Ramos, a cerca de 90 metros de um dos muros da PCE.

 

Anderson e os demais condenados foram presos em janeiro do ano passado durante a Operação Armadillo, deflagrada pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO).

 

Consta na decisão que o engenheiro foi contratado por uma facção criminosa para orientar a execução da obra do túnel. Durante as investigações foi localizado diversas notas fiscais em nome de Anderson relativas às compras dos materiais utilizados no esquema criminoso.

 

Também foi constado que engenheiro movimentou, entre os meses de junho e setembro de 2022, cerca de R$ 2,5 milhões, totalmente incompatível com a sua atividade profissional.

 

Além de outras ações e movimentações financeiras atípicas e suspeitas, tais como transferências bancárias entre ele e outros corréus, recebimento de dezenas de milhares de reais em depósitos fracionados no mesmo dia que os escavadores chegaram em Cuiabá, e de conversas mantidas com o coordenador do esquema, identificado como João Batista Vieira dos Santos.

 

Já Oziel, conforme a decisão, foi o responsável em arregimentar parte dos escavadores no município de Oeiras (PI), sob a promessa de que receberiam R$ 1 mil cada um por dia trabalhado.

 

Felipe, por sua vez, de acordo com a decisão, foi quem realizou parte do pagamento para os escavadores.

 

Outros envolvidos respondem pelo crime em processos separados.

 

Escavação

 

A maioria dos escavadores contratados tinham experiência em atividades garimpeira. O grupo trabalhava isolado, sem sair da casa. Para isso, estocaram alimentos e água suficientes para o abastecimento dos 12 suspeitos.

 

Duas mulheres eram responsáveis por fazer a alimentação do grupo e ajudar em outras atividades na residência.

Vistorias realizadas pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil constataram que o túnel contava com estrutura reforçada, escoras e iluminação e já havia avançado por mais de 40 metros no sentido da unidade prisional.

Na residência foram localizados maquinários para bombeamento de água e retirada de terra. Entre os equipamentos, foi apreendido um aparelho de GPS que tinha como coordenada geográfica um dos pavilhões da PCE.

 

As coordenadas do GPS coincidiam com os cubículos 6 a 8 do Raio 6, onde estavam recolhidas as lideranças da facção como Sandro da Silva Rabelo, o Sandro Louco.

 

Ainda Baltazar Luz de Santana, Renildo Silva Rios, Rudney Rodrigues Santos, Toleacyl Natalino da Costa, Leonardo Santos Pires e Lindomar Rodrigues.