Jurado de morte, homem que diz ser ex-integrante do PCC revela detalhes da facção e alerta jovens

Um homem identificado como Frank, que diz ser ex-integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), maior facção criminosa do país, abriu um perfil em uma rede social para compartilhar detalhes sobre a organização, com o objetivo, segundo ele, de alertar jovens.
A primeira publicação foi feita nesta segunda-feira (16) e acumula mais de 295 mil visualizações. Veja o vídeo abaixo.
Frank afirma que está jurado de morte desde que deixou o seu cargo na “sintonia”, setor responsável por tomar decisões e dar ordens a outros faccionados, e, desde então, se muda e se esconde em diversas casas.
“Eu era a sintonia geral da lista negra dos estados internos e externos. Tinha planilhas, dados de muitos integrantes. Sei como funciona, então não aceitaram que eu saísse”, explica.
O ex-integrante da facção afirma que fez os vídeos porque não tem mais nada a perder. “Vou morrer de qualquer jeito, daqui a pouco vão deixar outro cara igual a mim no lugar, outro Frank, que com 16 anos viu no crime uma oportunidade de ganhar dinheiro e sustentar a família”, afirma.
O homem conta que hoje, aos 31 anos, após passar por vários cargos até estar entre os líderes da facção, cansou de viver com medo, ter que andar armado e dormir só de dia. Ele ainda explica que, na época em que entrou para o PCC, acreditava no estatuto e na “revolução” que a facção prometia.
Drogas, luxo e política: qual é a realidade?
Frank nega que tenha traído a facção durante os seus anos de “carreira”, mas que talvez esteja fazendo isso agora por sentir que precisava mostrar a realidade.
O PCC, segundo o ex-integrante, não é só o que aparece nos videoclipes dos MCs, com “muito dinheiro, luxo e diversão”. Ou o que a polícia fala da relação da facção com o tráfico de drogas.
Homem de 31 anos diz ter entrado no PCC aos 16
REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS
“Eles estão até dentro da prefeitura, tem senador e prefeito integrante. Vereador, então… é o que mais tem”, revela.
Para Frank, o PCC é um setor político, diferente do Comando Vermelho, que investe em armas porque quer guerra.
“É tipo um sistema político, uma revolução. Foi nisso que acreditei, mas depois começaram a batizar menor de idade, comecei a ter que ficar isolado em chácaras, ir para o Paraguai, ficar longe da minha família, dos meus filhos”, menciona.
Mas dá para sair do PCC?
A saída do PCC, na maioria das vezes, é a morte, afirmam especialistas que estudam a facção há anos. Frank, porém, revela que há duas saídas para um batizado: ser diagnosticado com uma doença que impossibilite a pessoa de realizar seus serviços ou se converter à igreja.
De qualquer modo, o ex-membro da facção passa a ser monitorada pelos antigos colegas. “Foi para a igreja e está fumando cigarro, maconha, frequentando baile funk ou bebendo, vai ser cobrado”, conta.
Emocionado, Frank ressalta que foi uma criança, um ser humano bom um dia, mas que se corrompeu. “Não quero ser a vítima. Meus motivos foram o caminho fácil, falta de vergonha na cara e de ouvir meu pai e minha mãe.”
Responsável por pânico em SP, rebelião por transferência de líderes do PCC completa 17 anos
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A rebelião do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra a transferência de detentos, iniciada em 12 de maio de 2006, deixou 564 pessoas mortas em São Paulo e é considerada o maior massacre da história contemporânea do estado. Dezessete anos depois, apenas duas pessoas foram condenadas pelo crime
Isabelle Amaral, do R7