Paciente com câncer pode ter morrido por tomar ‘substância desconhecia’ em Cuiabá

Após a Polícia Civil divulgar um homem de 55 anos, com câncer terminal, morreu em uma clínica clandestina no bairro Santa Cruz, em Cuiabá/MT, muitas dúvidas ficaram acerca do ‘tratamento alternativo’ feito pela falsa médica.

Conforme divulgado pela assessoria da polícia, o filho do paciente relatou que a mulher, que trabalha como enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), realizou sessões de hemoterapia e ozonioterapia e ainda receitou e entregou um frasco, com uma substância desconhecida, para o paciente pingar na boca, com a promessa de que o líquido iria curá-lo do câncer terminal.

Porém, ao invés de melhorar, o homem acabou piorando rapidamente, perdendo a fala, os movimentos das pernas e passou a se alimentar apenas com a ajuda de terceiros, até falecer.

Repórter MT procurou o médico oncologista, Dr. André Crepaldi, que explicou que as sessões de hemoterapia e ozonioterapia não contribuíram para a piora do paciente, mas também não há comprovações científicas de que elas melhorar o quadro.

“Há uns cinco anos teve um ‘boom’ desse tipo de tratamento [hemoterapia] em que algumas pessoas relatavam que melhorava a imunidade, melhorava as dores crônicas, mas não tem nada comprovado”.

“Se você pensar racionalmente, quando você tira o sangue da pessoa e injeta no músculo de novo, é como se fosse um hematoma, uma batida que sangra lá dentro”, explicou.

Segundo o médico oncologista, o que deve ter piorado é a ‘substância desconhecida’ dada pela falsa médica. “A hemoterapia e a ozonioterapia não tem comprovações de melhoras nesses casos, mas também não pioram o quadro. O que pode ter sido é essa substância, que a gente ainda não sabe o que é”, salientou.

 

Busca e apreensão

 

Na manhã de quinta-feira (29), a Gerência de Operações Especiais da Polícia Civil (GCCO), fiscais da Vigilância Sanitária Municipal e o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso cumpriram mandados de busca e apreensão na clínica clandestina, que fica no bairro Santa Cruz, em Cuiabá/MT.

Na ocasião, foram encontrados carimbos com o nome da mulher e número de registro no Conselho de Medicina, além de receitas médicas carimbadas e assinadas recentemente por ela.

As receitas também traziam a prescrição de hormônios, vitaminas e outras substâncias. Também foram apreendidos dezenas de frascos com substância de composição desconhecida e rótulos escritos à mão ou impressos com o nome da mulher, como sendo a médica responsável pela prescrição, além de seringas e agulhas supostamente utilizadas em tratamentos à base de hemoterapia, alguns aparelhos e uma tabela com os preços de procedimentos e consultas, inclusive para crianças. Na tabela, as consultas podiam chegar a R$ 300. Ainda foi apreendida no local uma carteira funcional do CRM-MT, em nome da mulher.

A Vigilância Sanitária Municipal constatou que o local não possui alvará para funcionamento como clínica médica.

A Delegacia do Consumidor continuará investigando a acusada pela prática dos crimes de exercício ilegal da medicina, charlatanismo e curandeirismo. As penas somadas podem chegar a cinco anos de prisão e multa.

 

 

 

Por; Repórter MT