Pecuaristas de MT boicotam banco após campanha de “dia sem carne”

Pecuaristas de Mato Grosso, – que é um dos maiores produtores de carne do Brasil -, também insurgiram contra o Banco Bradesco por causa de um vídeo institucional com dicas para reduzir a emissão de gás carbono sendo que uma das sugestões era a redução no consumo de carne. Inclusive, a Estância Bahia Leilões, que atua na atividade leiloeira de gado no Estado há mais de 30 anos, divulgou uma nota de repúdio contra o banco.

A empresa foi além e deixou de ser cliente da instituição bancária. “Em respeito a pecuária brasileira e indignados com o ato de insanidade do Bradesco, que viola os nossos mais de 40 anos de relacionamento  bancário, retiramos 100% de nossa movimentação financeira da instituição”, diz o comunicado assinado por Maurício Cardoso Tonhá, que além de ser dono da Estância Bahia é também um dos maiores produtores agropecuários do Brasil e já foi prefeito do município de Água Boa (709 km da Capital).

O vídeo do Bradesco foi publicado na semana passada, mas acabou retirado do ar, mediante a forte pressão de entidades e associações de produtores de proteína animal de todo o Brasil. Na peça publicitária, três mulheres apontam duas “atitudes simples” e uma extra que as pessoas podem tomar no dia a dia para reduzir o impacto do carbono. “A primeira é: reduzir o nosso consumo de carne e aderir a segunda sem carne. A criação de gado contribui para a emissão dos gases de efeito estufa. Então que tal a gente reduzir o nosso consumo de carne e escolher um prato vegetariano na segunda-feira?”, dizem as jovens participantes da campanha.

Uma das três dicas incluía utilizar um aplicativo do Bradesco que agora traz uma nova funcionalidade para o usuário calcular quando de carbono emite e conseguir compensar no próprio aplicativo.

O Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac) também divulgou uma nota afirmando que os modelos de produção que utilizam pastagens produtivas para a criação de bovinos contribuem positivamente para o balanço de carbono, sequestrando como gasto desse gás que produção a pecuária emite.

“Dessa forma, podemos dizer seguramente que a pecuária brasileira já resolve seus problemas com carbono. Além disso, vale ressaltar, que nosso código florestal é exigente e foi construído a várias mãos, considerando órgãos de pesquisas nacionais e internacionais, terceiro setor, órgãos públicos e privados e amplamente discutido. A aplicação de nosso CF garante a preservação de mais de 60% do território brasileiro. Dessa maneira, não é aceitável associar a responsabilidade integral pela emissão de gases de efeito estufa com a pecuária brasileira, tão pouco faz sentido ou possui respaldo científico a sugestão de reduzir o consumo de carne bovina no Brasil”.

O Bradesco se posicionou numa carta aberta divulgada no dia 27 de dezembro assinada por quatro executivos do banco: Octávio de Lazari Junior, diretor-presidente, Cassiano Ricardo Scarpelli, vice-presidente executivo (alta renda), Eurico Ramos Fabri, vice-presidente executivo (varejo) e Marcelo de Araújo Noronha, vice-presidente executivo (atacado).

 

CONFIRA NOTA DO BRADESCO

CARTA ABERTA AO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Ao longo de seus quase 79 anos de história o Bradesco apoiou de forma plena o segmento do agronegócio brasileiro, estabelecendo parcerias sólidas e produtivas. Tal opção é baseada em sua crença indelével nesse segmento enquanto vetor de desenvolvimento social e econômico do país.

Contudo, nos últimos dias lamentavelmente vimos uma posição descabida de influenciadores digitais em relação ao consumo de carne bovina, associadas à nossa marca.

Importante dizer que tal posição não representa a visão desta casa em relação ao consumo da carne bovina.

Pelo contrário. O Bradesco acredita e promove direta e indiretamente a pecuária brasileira e por conseguinte o consumo de carne de origem animal.

Diante do ocorrido, medidas foram imediatamente tomadas incluindo a remoção do conteúdo de ambiente público, e, além disso, ações administrativas internas severas.

Dessa forma, reiteramos nossa lamenta pelo ocorrido e reforçamos mais uma vez nossa crença irrestrita na pecuária brasileira.

 

FOLHAMAX