Pesquisadores alertam para relação entre consumo de chimarrão e câncer

Estudos publicados ao longo dos últimos anos fizeram uma relação entre o consumo de chimarrão com o aumento do risco de cânceres de pulmão e do sistema digestivo. No caso do câncer de esôfago, o costume de tomar a bebida quente aumentou em três vezes o risco de desenvolvimento de tumores.

O chimarrão é uma bebida tradicional consumida no sul do Brasil e em países vizinhos como Uruguai, Paraguai e Argentina. Um estudo realizado pelos pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do National Cancer Institute de Maryland, nos Estados Unidos, mostrou que o chá contém altos níveis de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), que são substâncias cancerígenas também encontradas na fumaça do tabaco.

“O câncer de esôfago – é a 6ª causa mais comum de morte por câncer no mundo – apresenta uma variação geográfica marcante tanto na incidência quanto na mortalidade. A América do Sul, especialmente na região sul, é uma das áreas com altas taxas de incidência deste tipo de tumor. Essa aglomeração geográfica sugere que alguns fatores ambientais e/ou hábitos específicos dessa área são fatores de risco para carcinoma espinocelular de esôfago (ESCC)”, escreveram os cientistas em um artigo publicado na revista Cancer Epidemiology Biomarker and Prevention, em 2008.

“Esse risco aumentado pode ser atribuído ao consumo de mate muito quente ou aos contaminantes potencialmente cancerígenos do mate, como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos”, afirmaram.

 

Em uma revisão do estudo, feita em 2012, publicada na National Center for Biotechnology Information (NCBI), os pesquisadores compararam o consumo diário do chá ao mesmo que fumar 100 cigarros. A relação foi estabelecida a partir da forma como o chá de erva-mate é servido no Brasil, onde as cuias são tradicionalmente preenchidas com dois terços de folhas da erva e cerca de 200 ml de água.

Os cientistas sugerem que os fabricantes das ervas colocadas criem novos métodos para a secagem das folhas, pois a queima dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) é que elevaria ao potencial cancerígeno. “É provável que a maioria dos produtores comerciais de mate e o público em geral não estejam cientes de que o consumo de mate apresenta riscos à saúde, bem como benefícios, e que pelo menos alguns desses riscos poderiam ser evitados se os métodos de secagem fossem alterados. A melhor solução seria encontrar métodos de processamento que pudessem reduzir significativamente a exposição aos hidrocarbonetos aromáticos e ainda manter o sabor ideal”, sugeriram os pesquisadores.

Por;  Metrópoles