Pesquisadores de MS descobrem gengibre como combatente de bactérias

O gengibre, planta originária do sudeste asiático, pode auxiliar no combate de bactérias multirresistentes. É o que aponta descoberta de pesquisadores da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran). A descoberta foi publicada como artigo em revista internacional.

Sob o título “Óleo essencial Zingiber officinale Roscoe: Uma estratégia alternativa no desenvolvimento de novos agentes antimicrobianos contra bactéria multirresistente”(em tradução livre), o texto aborda o trabalho realizado para a caracterização dos componentes de um óleo essencial de gengibre produzido pelo grupo e que foi testado contra bactérias resistentes a todos os tipos de antibióticos disponíveis.

O estudo em questão se deu a partir da produção de um óleo essencial de gengibre, desenvolvido em uma etapa anterior do trabalho. A partir dele, o grupo passou a fazer experimentos para identificar e caracterizar os componentes do produto e, ainda, para testar sua eficácia contra bactérias multirresistentes isoladas de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais de Mato Grosso do Sul.

Muito difundido entre praticamente todas as culturas, o gengibre é uma planta originária do continente asiático, cujo caule – sim, sua parte usualmente consumida se trata de um rizoma e não de uma raiz – é empregado em diversos tipos de preparo, como especiaria, conserva, chá, sob a forma fresca, seca, em pó, entre tantas outras aplicações. No entanto, um de seus usos mais conhecidos é no tratamento caseiro dos sintomas de gripes, tosses e resfriados.

Já em um recorte científico, o gengibre é objeto de estudos mundo afora, principalmente para a investigação de suas propriedades antioxidantes, termogênicas, anti-inflamatórias, analgésicas e antimicrobianas. E é com base nesse último potencial da planta que um grupo de pesquisa de Dourados vem desenvolvendo estudos voltados a relacionar o uso do gengibre, na forma de óleo, e o tratamento de bactérias hospitalares multirresistentes.

A pesquisa, inclusive, integra o tema da tese da doutoranda Marcia Soares Mattos Vaz, orientada pela professora Simone no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Ciências da Saúde da UFGD. Além da pós-graduanda e da docente, participam do estudo e assinam o artigo os pesquisadores Euclésio Simionatto, Eduardo João Coutinho e Maiara Viviane Oliveira dos Santos, da UEMS, Thiago Leite Fraga e Gustavo Gomes de Oliveira, da Unigran, e Gleyce Hellen de Almeida de Souza, da UFGD.

A próxima etapa será a análise de cada componente do óleo, de forma isolada. “Precisamos verificar qual é o papel de cada um deles para identificar qual ou quais deles ou que associação entre esses componentes possuem atividade antimicrobiana. Feito isso, partiremos para testes em mais bactérias”, conta Simone.

A pesquisadora explica que esse trabalho é o primeiro passo na descoberta de um novo composto que possa ter uma atividade antimicrobiana eficaz. “Muitos outros estudos ainda são necessários para que possamos ter um candidato ao desenvolvimento de um novo antibiótico”, diz a professora, que vem atuando no estudo de bactérias multirresistentes há quase dez anos.

 

Por; Diário Digital