Remédio para quimioterapia está em falta em Mato Grosso

Pacientes com câncer que precisam de medicamento para o tratamento de quimioterapia estão sem o remédio, que é fornecido pela rede pública de saúde e enviado para os hospitais credenciados na alta complexidade oncológica.

O pedreiro Valdeci Neves de Carvalho, de 59 anos, descobriu um tumor no estômago em 2021, passou por cirurgia e teve que retirar todo o órgão. Agora, sem estômago, precisa tomar o comprimido de quimioterapia todo dia por pelo menos três anos. O problema é que a medicação está em falta há mais de um mês.

“Sinto muito medo de a doença voltar de novo, porque não posso ficar sem, tem que tomar no mínimo três anos. Estou preocupado, porque não sei quem fornece. Há 40 dias sinto uma fraqueza e dor nas pernas”, conta.

Nesta semana, Valdeci conseguiu uma cartela com apenas 10 comprimidos, o que trouxe um alívio e ao mesmo tempo preocupação de ter que interromper novamente o tratamento quando a cartela acabar.

“Após 40 dias, me ligaram para pegar o remédio. Fui lá e de 30 comprimidos, só peguei dez, porque tinha que dividir com o pessoal”, conta.

Assim como o Valdeci, a aposentada Auria Rosa de Souza está enfrentando a mesma situação. Ela foi diagnosticada com leucemia mielóide crônica em 2016. Desde então, faz tratamento. Só que desde janeiro, o remédio de quimioterapia está em falta na rede pública. Recentemente, ela recebeu sete comprimidos que, inclusive, já acabaram, e agora, não sabe o que fazer.

“Não posso ficar nenhum dia sem. O médico disse que, para mim sobreviver, tenho que tomar todos os dias. É uma quimioterapia oral. Sem ele, não sobrevivo, vou para cima de uma cama,”, relata.

O filho de Auria, Fernando Bento de Souza, conta que está sempre entrando em contato com o hospital pra saber a previsão de quando o remédio vai chegar.

“Nem eles sabem dizer. Dá muito medo, a cada dia que passa. Não há previsão. A qualquer momento ela pode ficar doente, minha preocupação é perder a minha mãe.

A médica hematologista Paloma Borges dos Santos Valk, que trabalha no Hospital de Câncer de Mato Grosso, explica que só na hematologia, há 158 pacientes adultos que dependem dessa medicação e que a interrupção do tratamento traz prejuízos para a saúde do paciente.

“É uma medicação que faz o controle da doença. Como é uma doença crônica, se o paciente para de tomar, a doença pode voltar à atividade, aumentando leucócitos, anemia, maior queda de plaquetas, necessitando de transfusão e outras complicações. Nessa progressão, pode virar leucemia aguda e levar a morte”, afirma.

Como são muitos pacientes que dependem desse remédio, quando chega em pouca quantidade, as equipes se desdobram para que todos recebam pelo menos uma cartela.

Por nota, a Secretaria de Saúde de Mato Grosso informou que a Superintendência de Assistência Farmacêutica recebeu na terça-feira (22) quase 7 mil comprimidos de quimioterapia, que é o mesilato de imatinibe de 400 mg. Eles serão enviados para os hospitais credenciados na alta complexidade oncológica pelo Sistema Único de Saúde.

A expectativa dos pacientes é que o medicamento chegue logo e o fornecimento se normalize para que consigam manter o tratamento.

A SES informou ainda que recebeu nessa quarta-feira mais 3450 comprimidos. totalizando 10.440 comprimidos. quantidade suficiente para 2 meses.

 

Por; Folhamax