Saiba mais sobre a nova vacina de herpes-zóster que já está disponível na rede privada brasileira

Lançada no Brasil neste mês, a vacina contra o herpes-zóster já está disponível em clínicas particulares do país. A doença é uma manifestação tardia de quem teve catapora, que tende a atingir com mais frequência pessoas acima de 50 anos ou pacientes imunocomprometidos. Deve ser administrada em duas doses, com intervalo de dois meses entre as aplicações.

A Shingrix recebeu a aprovação regulatória da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em agosto de 2021 para a prevenção do herpes-zóster em adultos com 50 anos ou mais e em adultos com 18 anos ou mais e com risco aumentado de contrair a doença, como os imunocomprometidos — pacientes em tratamento de câncer, pessoas que vivem com HIV, indivíduos que vão se submeter a transplantes de médula óssea ou órgãos, lúpus, esclerose múltipla, entre outros.

Cada aplicação custa em torno de R$ 843 na rede privada. Com esquema de duas doses, com intervalo de dois meses, o custo total fica em torno de R$ 1.686.

Além da tecnologia, a variação cambial também se reflete no preço final do imunizante. Segundo a farmacêutica GSK, o valor pode variar conforme o ICMS de cada região do país e a prática de preço das clínicas privadas.

A distribuição da vacina foi iniciada, com previsão de abastecimento considerável em todo o Brasil até julho.

“É inegável que os impactos das novas tecnologias na produção de vacinas trouxeram avanços significativos para a saúde da população. Mas as tecnologias têm custo elevado, por isso as vacinas hoje têm preços que dificultam a acessibilidade, principalmente no Brasil, que está com diferença cambial bastante significativa”, explica o presidente da ABCVAC (Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas), Geraldo Barbosa, ao reforçar que o uso deve ser feito de acordo com a prescrição médica e a recomendação que vem em bula.

“Cobreiro”

 

Além de incômodo, dor e lesões na pele, o herpes-zóster, também chamado de cobreiro, pode causar graves sequelas.

Se não tratada de forma rápida, a doença pode desencadear complicações sérias, afetar terminações nervosas nos olhos, nos ouvidos, na face, causando paralisia, perda auditiva e visual.

No Brasil, o tema se torna ainda mais relevante, dado o aumento de 35,4% nos casos notificados da doença, observado durante a pandemia da Covid-19.

“A pessoa teve catapora ou varicela, não interessa quando, mas em geral na infância, e depois de passar o quadro clínico, o vírus varicela zóster fica como se tivesse adormecido em uma terminação nervosa. Em algum momento, em geral, nos idosos, o zóster se manifesta. E, quando isso acontece, ele costuma pegar uma terminação nervosa toda”, afirma o presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Juarez Cunha.

A Shingrix tem mais de 90% de eficácia em pessoas a partir de 50 anos, idade em que o vírus começa a atacar com mais frequência.

Na faixa etária de 50 a 69 anos de idade, a eficácia chega a 97%. É a primeira vacina contra o herpes-zóster que pode ser usada em indivíduos imunocomprometidos, que têm o sistema imunológico enfraquecido e mais possibilidade de desenvolver a doença.

No caso da Zostavax, vacina da geração anterior, da farmacêutica MSD, que tinha eficácia menor, esse tipo de uso também não era permitido.

“Era uma vacina atenuada com eficácia interessante, mas que ia caindo conforme o avanço da idade da pessoa. Vacina licenciada a partir dos 50 anos pela Anvisa, a duração de proteção também não era tão prolongada”, explica Juarez.

Já a Shingrix, utilizada em outros países como os Estados Unidos, é uma vacina inativada.

“A vantagem é que ela pode ser aplicada em imunodeprimidos e tem licenciamento a partir de 18 anos de idade. E, claro, que a gente a recomenda para pessoas entre 18 e 50 anos que tenham alguma predisposição à doença. Em geral, imunocomprometidos e também situações que levam ao risco da zóster, como o diabetes. É recomendada também para pessoas acima de 50 anos como uma vacina de rotina”, acrescenta Juarez.

Além disso, a nova vacina também protege contra uma complicação grave do herpes-zóster, a neuralgia pós-herpética, doença que provoca vesículas (bolhas na pele) que causam muita dor.

Além de no Brasil, a Shingrix já está licenciada para uso na União Europeia e em diversos países como EUA, Canadá, Japão, China, Nova Zelândia, Singapura e Austrália.

“Ela já é disponibilizada em diversos países e com alta eficácia para pessoas acima de 50 anos. Além disso, é uma vacina que se mostra segura para imunossuprimidos acima de 18 anos, pois ela não é produzida a partir de vírus vivo”, afirma Gunnar Riediger, líder da Unidade de Negócios BioTech da GSK.

Por enquanto, nenhuma das vacinas está disponível no SUS.

O que é herpes zoster?

 

Herpes-zóster, ou cobreiro, é uma doença causada pelo vírus varicela zoster, o mesmo que causa também a catapora. O vírus permanece em latência durante toda a vida da pessoa.

A reativação ocorre na idade adulta ou em pessoas com comprometimento imunológico, como os portadores de doenças crônicas (hipertensão, diabetes), câncer, aids, transplantados, entre outras.

Excepcionalmente, há pacientes que desenvolvem herpes-zóster, após contato com doentes de varicela e, até mesmo, com outro doente de zóster, o que indica a possibilidade de uma reinfecção em quem já foi previamente imunizado. É também possível uma criança adquirir varicela por contato com doente de zóster.

A doença pode levar a complicações e outras formas clínicas graves, inclusive à morte.

Quais são os sintomas?

 

O quadro clínico é quase sempre típico. Na maior parte dos casos, antecedem as lesões cutâneas (na pele) os seguintes sintomas:

-Dores nevrálgicas (nos nervos)

– Parestesias (formigamento, agulhadas, adormecimento e pressão)

– Ardor e coceira locais

– Febre

– Dor de cabeça

– Mal-estar

Como é feito o diagnóstico?

 

O diagnóstico é facilmente realizado porque as lesões acometem a terminação nervosa. No início com sensação de formigamento, coceira e depois há evolução para lesões. Várias lesões de pele chamadas de vesículas (pequenas bolhas na pele) vão se rompendo e cicatrizando.

Outras complicações são a neuralgia pós-herpética, quadro de muita dor que se prolonga por muitos anos. Se o nervo facial é atingido, podem também ocorrer lesões na visão.

Como é feito o tratamento?

 

Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, melhor é a resposta ao tratamento. Em geral, com o uso de antivirais. Podem ser administrados antitérmico, analgésico não salicilato e, para atenuar o prurido (pus), anti-histamínico sistêmico.

Quais são as medidas de prevenção?

-Vacinação (é feita a vacinação na criança contra a catapora com 1 ano e 3 meses e depois com 4 anos. Adolescentes e adultos suscetíveis que não tiveram catapora deveriam receber a vacina. Protege contra a catapora — sem catapora, não tem zóster).

– Lavar as mãos, após tocar nas lesões.

-Isolamento: crianças com varicela não complicada só devem retornar à escola após todas as lesões terem evoluído para crostas. Crianças imunodeprimidas ou que apresentam curso clínico prolongado só deverão retornar às atividades após o término da erupção vesicular.