Tribunal vai apurar conduta de juiz que deu voz de prisão à mãe

A Corregedoria-Geral da Justiça vai abrir uma sindicância para apurar a conduta do juiz Wladymir Perri, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, que deu voz de prisão à mãe de uma vítima de homicídio durante audiência no Fórum Criminal de Cuiabá.

 

Conforme a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, o procedimento deve durar 140 dias e tramitar em sigilo. O episódio aconteceu no dia 29 de setembro e ganhou grande repercussão após o vídeo da audiência ser divulgado na internet. O caso deverá ser analisado pelo corregedor-geral, desembargador Juvenal Pereira da Silva.

 

A ordem de prisão ocorreu no momento em que S.B. depunha e se manifestou contra Jean Richard Garcia Lemes, réu pelo assassinato de seu filho, ocorrido em 10 de setembro de 2016.

 

Jean Richard responde em liberdade pelo crime.

Segundo o Ministério Público Estadual, ele assassinou o filho de S.B. usando uma arma de fogo, por meio de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

No início do depoimento, a promotora do caso, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, perguntou se S.B. estava constrangida de prestar o depoimento na frente do réu.

“Não, por mim ele pode ficar aí, para mim ele não é ninguém”, respondeu S.B. à promotora.

O advogado do réu então exigiu respeito com o seu cliente, momento em que S.B. reitera seu posicionamento.

“Para mim não é ninguém. O fato de eu falar que ele não é ninguém, não vai tirar o que eu vou falar aqui, nem o que eu penso dele e o que ele pensa a meu respeito. Eu não estou nem aí. Estou aqui para falar sobre o que aconteceu”, disse ela.

Após isso, ela foi interrompida pelo juiz, que também exigiu respeito e “inteligência emocional”.

Inicia-se uma pequena discussão e então o magistrado decide encerrar a audiência. Neste momento, revoltada, a mãe da vítima se levantou, apontou para o réu, bateu na mesa e disse alguma coisa.

Assim, antes de ela sair da sala, ela recebeu a voz de prisão de Perri.

ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

Alair Ribeiro/TJ-MT