Vacina contra câncer do colo do útero mostra bons resultados iniciais

Em busca por uma vacina que funcione contra tumores em estágios avançados no colo do útero, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) afirmam que a vacina criada pela instituição apresentou bons resultados nos primeiros estudos pré-clínicos com camundongos.

A pesquisa foi publicada na revista científica International Journal of Biological Sciences em janeiro. Criada para eliminar células cancerígenas associadas ao papilomavírus humano (HPV), a vacina mostrou boa eficácia e segurança quando associada ao tratamento com quimioterapia.

A vacina não causou danos no fígado ou rins, e nem induziu a perda de peso em camundongos. O próximo passo da pesquisa é testar o medicamento com humanos: já está em andamento uma prova de conceito clínica com pacientes com neoplasia intraepitelial cervical de alto grau, patologia que é considerada um estágio anterior ao câncer de colo de útero.

Em humanos, a aplicação da vacina é feita indiretamente: se recolhe uma amostra de sangue da paciente para isolar as células dentríticas, que fazem parte do sistema imunológico, e ativá-las com o imunizante em laboratório. Depois, as células são reinseridas no organismo e são capazes de “ensinar” o sistema imunológico a eliminar os tumores.

“Conseguimos fazer a prova de conceito em camundongos e agora estamos validando os resultados em humanos, acompanhando um grupo pequeno de pacientes por um período de seis meses a um ano. A publicação dos novos resultados deverá ser feita em meados de 2023 e, então, partiremos para testes clínicos mais abrangentes, visando avaliar a segurança e a eficácia do imunizante. Os resultados iniciais são muito animadores”, conta Bruna Porchia, pós-doutoranda no ICB-USP e primeira autora do artigo, à Agência Fapesp.

A tecnologia é pioneira e não afeta as células saudáveis do organismo, como acontece com o uso de quimio e radioterapia. Os pesquisadores esperam que a vacina funcione também contra outras doenças, como câncer de mama e próstata, tuberculose, hepatite, Covid-19, zika e HIV.

 

 

Por; Metrópoles