Botelho: “Saúde é área vulnerável; é preciso acabar com brechas”
Pré-candidato a prefeito disse que, se eleito, quer criar sistema contra crimes na administração pública
Vanderson Ferraz
O pré-candidato a prefeito de Cuiabá, Eduardo Botelho
DA REDAÇÃO
Pré-candidato a prefeito de Cuiabá, o deputado estadual Eduardo Botelho (União) disse que, caso eleito, quer criar mecanismos dentro da gestão municipal para tentar estancar atos de corrupção na administração pública.
Para que no futuro a gente possa estancar e acabar com todas as brechas para as corrupção
A declaração ocorreu após Botelho ser questionado sobre o relatório criminal que apontou que possíveis desvios nos cofres da Secretaria de Saúde de Cuiabá, durante a gestão Emanuel Pinheiro (MDB), ocorreram mesmo após dezesseis operações policias na Pasta nos últimos cinco anos.
As investigações apontam para um rombo de ao menos R$ 220 milhões.
Botelho afirmou que quer procurar órgãos de controle para dar mais transparência aos gastos da Saúde.
“Quero criar métodos para acabar com todo o tipo de corrupção. […]. A minha ideia é trabalharmos com a Câmara, MPE (Ministério Público Estadual) e TCE (Tribunal de Contas do Estado) permanentemente, especialmente na área da Saúde, porque a Saúde parece que virou uma área ‘muito vulnerável’”, disse em entrevista à imprensa nesta quarta-feira (6).
“Nós temos que trabalhar para acabar com isso de vez para que não ocorra mais. Para que no futuro a gente possa estancar e acabar com todas as brechas para as corrupção”, emendou.
Emanuel foi afastado do cargo na última segunda-feira (4), por, em tese, liderar uma organização criminosa estruturada para desviar dinheiro da Saúde. A decisão é do desembargador Luiz Ferreira da Silva e atendeu a um pedido do MPE. Ele, porém, retornou ao cargo na mesma semana após decisão do STJ.
Além de Emanuel, também foram alvos das cautelares o assessor-executivo de Governo Gilmar de Souza Cardoso, o ex-secretário de Saúde Célio Rodrigues da Silva e o ex-adjunto de Saúde Milton Corrêa da Costa.
Líder e articuladores
Os quatro são acusados de integrar uma organização criminosa com objetivo de saquear os cofres da Saúde da Capital. O Naco apontou que ao longo da gestão de Emanuel diversas operações foram deflagradas a fim de desarticular esquemas na Saúde.
O Naco aponta Emanuel como líder da organização criminosa; Gilmar Cardoso atuaria como o articulador operacional e Célio Rodrigues e Milton Correa como articuladores empresariais.
“Destacam que os representados detêm influência no aparato policial estadual e federal, de forma a tentar obter dados sigilosos e até mesmo interferir nas investigações em andamento, o que a torna uma organização criminosa especialmente periculosa, razão pela qual a permanência de Emanuel Pinheiro no cargo põe em risco a eficácia e o resultado concreto da persecução e da ordem pública”, consta em um trecho da decisão.
Uma investigação policial levantou a relação entre os esquemas investigados em operações das quais a gestão Emanuel foi alvo. O relatório, concluído no dia 15 de fevereiro, citou a Operação Sangria, as três fases da Curare, deflagradas pela Polícia Federal, e a Overpriced.
“Após o trabalho foi possível identificar conduta similares, nas quais alguns agentes tinham atuação repetidas em investigação de fatos diferentes, forma de atuação e sustentação política e econômica que dava alicerce à mencionada organização criminosa”, diz a decisão.