Empresa de acusado recebeu R$ 679 mil da Prefeitura só em 2024

Milton Corrêa, dono da empresa, foi um dos alvos da decisão do Tribunal de Justiça que afastou o prefeito
Reprodução
O empresário Milton Corrêa e o prefeito afastado Emanuel Pinheiro
DA REDAÇÃO
A Prefeitura de Cuiabá já pagou mais de R$ 679 mil, somente em 2024, à empresa Family Medicina e Saúde, que pertence ao empresário Milton Corrêa da Costa, ex-secretário adjunto da Saúde de Cuiabá e investigado por suspeita de corrupção.
Milton foi um dos alvos da decisão do Tribunal de Justiça que afastou o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) na última segunda-feira (4), mas retornou ao cargo três dias depois por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Milton é acusado de ser articulador empresarial da suposta organização criminosa.
Segundo dados do Portal Transparência da Prefeitura, nos dois primeiros meses do ano a empresa de Milton recebeu exatos R$ 679.139 dos cofres municipais.
O maior valor pago foi no dia 2 de janeiro, quando a Family recebeu R$ 171.282 pela prestação de serviços médicos na enfermaria pediátrica do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).
Além dos pagamentos, mais de R$ 529 mil foram empenhados para prestação de serviços médicos na enfermaria adulto e no centro de queimados do HMC.
Na execução de uma despesa pública, empenho é a etapa em que a administração reserva o dinheiro que será pago quando o serviço for concluído ou o bem entregue. É, portanto, uma etapa anterior ao pagamento.
Rompimento
A empresa de Milton Corrêa foi a mesma que, em janeiro de 2023, parou de prestar serviços à Saúde de Cuiabá após alegar estar sofrendo “calote” da Prefeitura.
À época Milton abandonou o contrato estabelecido e paralisou os serviços prestados pela Family Medicina nas unidades de saúde da Capital.
Os serviços só foram reestabelecidos quando o desembargador Orlando Perri determinou sua retomada, sob pena de multa diária de R$ 200 mil caso o empresário não acatasse a decisão.
Esquema
Emanuel Pinheiro, Milton Corrêa, o assessor-executivo de Governo Gilmar de Souza Cardoso e o ex-secretário de Saúde, Célio Rodrigues da Silva são acusados de integrar uma organização criminosa com objetivo de saquear os cofres da Saúde da Capital.
O MPE aponta Emanuel como líder da organização criminos; Gilmar Cardoso como o articulador operacional, e Célio Rodrigues e Milton Correa como articuladores empresariais.
A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual (MPE) citaram que os alvos “detêm influência no aparato policial estadual e federal, o que a torna uma organização criminosa especialmente periculosa”.