Brasil está entre os países com maior quantidade de casos e mortes; especialista aponta sintomas
Mariana da Silva – Especial para o GD

[email protected]

Visoot Uthairam

O 24 de março é marcado anualmente como o Dia Mundial de Combate a Tuberculose, data escolhida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em alusão ao anúncio do descobrimento do bacilo causador da doença, em 24 de março de 1882, pelo médico Robert Koch.

 

O Brasil está entre os países do mundo com maior quantidade de casos e de mortes pela doença, um índice que preocupa especialistas. Em Mato Grosso, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), o registro de casos da doença no estado cresceu 18% em 2022, em comparação com 2021, quando foram registrados 1.347 casos da doença. Em 2022 foram, ao todo, 1.588 notificações. Estes são os dados mais atualizados sobre a doença.

 

Apesar de ser uma doença infecto-contagiosa, causada por uma bactéria, o bacilo Mycobacterium tuberculosis, e que pode ser letal, a tuberculose tem tratamento e formas de evitar a contaminação. A identificação dos sintomas pela população deve acender um alerta para exames e diagnóstico precoce da doença, assim potencializando a cura.

 

Segundo a médica pneumologista Beatriz Vilacian Almeida, a principal forma de tuberculose é a pulmonar, cujos principais sintomas são tosse por mais de 3 semanas, febre, sudorese noturna, perda de peso, falta de ar. Contudo, a patologia pode atingir diversos órgãos, e os efeitos serão diferentes a depender do local atingido.

 

Divulgação

Beatriz Vilacian Almeida Pneumologista

“A tuberculose é transmitida por via respiratória pela eliminação de aerossóis pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com a doença. As partículas eliminadas têm propriedade de se manter em suspensão no ar por muitas horas e são capazes de atingir nossos alvéolos após inalação e causar a infecção”, descreve.

 

O diagnóstico definitivo da doença é dado pelo isolamento do bacilo em secreção, fluido corporal ou tecido, obtidos por meio de escarro, lavado broncoalveolar, retirada de líquido pleural ou biópsia.

 

De acordo com a especialista, o bacilo causador da enfermidade é sensível à luz solar, e a circulação de ar possibilita a dispersão de partículas infectantes. Por isso, ambientes ventilados e com luz natural direta diminuem o risco de transmissão.

 

A tuberculose tem tratamento e cura, e a transmissão da doença é consideravelmente reduzida após 15 dias do início do acompanhamento, que é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país e feito de modo prioritário por via oral, por comprimidos ingeridos diariamente por um período de 6 a 9 meses, podendo ser estendido para 12 meses em algumas situações específicas.

 

Apesar disso, ainda hoje existem muitos mitos e estigmas associados à tuberculose. Há também grupos de maior risco de adoecimento, os quais estão associados as condições socioeconômicas desfavoráveis como o ambiente em que esses indivíduos se encontram.

 

“Os principais riscos de adoecimento na população vulnerável são infecção por HIV, pessoas vivendo em situação de rua, pessoas privadas de liberdade e indígenas. Além disso, existe ainda grande preconceito sofrido tanto pelos pacientes quanto por suas famílias, muitas vezes também afastadas do convívio social por desinformação e medo”, relata.

 

Outros grupos que precisam investigar são indivíduos imunossuprimidos, usuários de corticosteróides por tempo prolongado, portadores de silicose, entre outros. Quem recebe o diagnóstico de tuberculose latente não é bacilífero, ou seja, não tem a doença desenvolvida, e o tratamento não é o mesmo utilizado pelos portadores de tuberculose ativa.

 

A tuberculose possui elevado potencial de causar graves complicações e sequelas quando tratada tardiamente ou quando não é tratada, incluindo risco de levar ao óbito. Ela pode levar a dilatação brônquica permanente, destruição pulmonar e até o sangramento pulmonar. Nos pacientes com HIV, ainda hoje a tuberculose é a principal causa de óbito.

 

“A identificação precoce com início do tratamento é a melhor forma de evitar essas complicações. A busca pela erradicação da tuberculose é uma das principais metas de saúde pública no Brasil, portanto, o acesso tanto ao diagnóstico quanto ao tratamento é facilmente encontrado nas unidades básicas de saúde”, afirma.

 

Ao apresentar sintomas sugestivos de tuberculose, a recomendação é que se procure médicos pneumologistas e infectologistas, que também atuam na investigação e no tratamento da tuberculose.

 

“A melhor forma de conscientização sobre a doença é durante o acesso das pessoas aos serviços de saúde, pois é o momento ideal para que tanto os pacientes quanto os familiares recebam as corretas orientações e a doença seja desmistificada. Somos um país de alta prevalência de tuberculose e estamos sujeitos ao contágio. Para vencermos a doença como sociedade é preciso a busca precoce por serviços de saúde em caso de sintomas ou contato com a tuberculose. Se você ou alguém próximo apresentarem tosse por mais de 3 semanas, febre, sudorese noturna ou perda de peso inexplicada, procure atendimento”, recomenda.