Cacique Raoni é homenageado em samba-enredo da Gaviões da Fiel
Raoni Metuktire, 92 anos, mais conhecido como Cacique Raoni, é uma das personalidades homenageadas no samba-enredo da Gaviões da Fiel para o Carnaval 2022, previsto para ocorrer entre o fim de fevereiro e início de março.
Com o título “Basta!”, a escola levará para a avenida uma crítica social sobre temas que estão em debate no cenário atual do país e do mundo, entre eles a causa indígena.
“Cacique Raoni da minha gente. Guerreiro gavião, presente!”, inicia a parte da canção que leva o nome do líder indígena. “Essa terra é de quem tem mais, conquistada através da dor”, continua a música da escola paulista.
A abordagem surge em meio a discussão sobre a demarcação de terras indígenas que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), e o Projeto Independência, de incentivo à produção agrícola em territórios de comunidades Xavantes de Mato Grosso.
Cacique Raoni é uma das principais lideranças indígenas do Brasil e historicamente tem sua atuação reconhecida na defesa da Amazônia e dos povos originários da região. Em 2019, o líder do povo Kayapó chegou a ser recebido pelo presidente francês Emmanuel Macron, no Palácio Eliseu em Paris, além de na mesma viagem ter se encontrado com o Papa Francisco e o Rei da Bélgica.
Além do Cacique Raoni, Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul também é citado na composição da Gaviões.
Confira a letra do samba-enredo
Basta!
Sou eu, o filho dessa pátria-mãe hostil
Herdeiro da senzala Brasil
Refém da maculada inquisição
Axé meu irmão!
O pai de mais um João e de mais um Miguel
Na mira da cega justiça que enxerga o negro como réu
Sou eu o clamor da favela
O canto da aldeia, a fome do gueto
Meu punho é luz de Mandela
No samba o levante do novo Soweto
Cacique Raoni da minha gente
Guerreiro gavião, presente!
Essa terra é de quem tem mais
Conquistada através da dor
As migalhas que você me oferece
Só aumentam minha força pra mostrar o meu valor
Meu lugar de fala, a voz destemida
Cabeça erguida por nossos direitos
Quando o fascismo do asfalto
É opressor à militância por respeito
O ventre das mazelas sociais
Ante ao preconceito vai se libertar
Vidas negras nos importam
O grito da mulher não vão calar
Meu gavião chegou o dia da revolução
Onde a democracia desse meu Brasil
Faça o amor cantar mais alto que o fuzil
Escute o meu clamor
Oh, pátria amada
É hora da luta sair do papel
Basta é o grito que embala o povo
Eu sou Gaviões, sou a voz da fiel
Por; Gazeta Digital