Filho de cortador de cana é ovacionado por colegas em colação de grau de turma de medicina

“Eu nunca tive dúvidas, sempre soube que iria conseguir. Era conseguir ou morrer tentando, mas não estava disposto a parar no meio do caminho”, declarou o médico recém-formado Wellington Gomes, de 29 anos. Filho de um cortador de cana do interior de Pernambuco, Wellington realizou o sonho da formatura e contou que a família, assim como os amigos, estão orgulhosos da conquista.

O momento em que Wellington é convocado para pegar o diploma durante a cerimônia de colação de grau, realizada no Teatro Guararapes, em Olinda, no Grande Recife, foi registrado em vídeo. Nas imagens, é possível ver os colegas de turma aplaudindo o novo médico.

Ele contou que o pai, Arnaldo José Alves, de 46 anos, não pôde estar presente na cerimônia de colação porque sofreu um acidente de trabalho, mas que vai levá-lo para o baile de formatura, marcado para 21 de janeiro de 2022.

Nas redes sociais, o agora médico relembrou os desafios antes de finalmente conquistar o tão sonhado diploma.

“As dificuldades aparecem para abrilhantar nossa vitória. […] Para chegar aqui, a jornada foi árdua e tive que cortar cana, ser monitor em cursinho, dar aula particular, trabalhar em estacionamento”, recordou.

Wellington saiu da Zona Rural de Ribeirão, na Zona da Mata Sul, em direção à capital pernambucana em 2016. Após três anos tentando ingressar no curso de medicina, trabalhando e estudando, ele conseguiu ser aprovado na Faculdade Pernambucana da Saúde (FPS), por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni).

Os livros custavam caro e foram custeados com a ajuda de colegas e parentes, mas ele não desistiu do sonho. A colação de grau aconteceu no dia 13 de dezembro deste ano, poucos dias após ele pegar o registro do Conselho Regional de Medicina (CRM).

Atualmente, ele realiza vários plantões como médico, e continua se esforçando para conseguir mudar a vida da família e passou a trabalhar nos municípios de RibeirãoGameleira Primavera, além de atender em Barreiros.

Agora, Wellington aguarda o primeiro salário de médico para, enfim, tirar pai do serviço de corte de cana.

G1