Imigrante conta ganhar até R$ 13 mil em um dia catando piolhos nos Estados Unidos

A equatoriana Eliana Ortega montou um negócio de extração de piolhos nos Estados Unidos e afirma ser possível faturar US$ 2.500 (aproximadamente R$ 13 mil) em um dia com a atividade.

Para ela, os piolhos são “menos racistas que os humanos e infectam pobres e ricos da mesma maneira”, por isso seu serviço faz tanto sucesso.

“Uma vez tirei os piolhos de uma filha de um ex-presidente dos Estados Unidos e de suas netas”, contou Ortega, em uma entrevista para o canal Telemundo, mas sem detalhar quem foi.

Ela disse que seus clientes prezam pela discrição, pois as pessoas sentem vergonha de estar com piolhos. Mas ela também sentia vergonha no começo da carreira: “Eu me apresentava como uma consultora de saúde ou empresária”, disse Ortega.

Sobre a relação com os piolhos, ela responde que “talvez eles me odeiem porque eu os mato, mas eu não. Eu amo os piolhos. Eles são minha vida”.

A empresa de Eliana Ortega se chama “Larger Than Lice”, uma brincadeira com a expressão americana que significa que algo é muito importante (“larger than life”, ou maior que a própria vida) e o termo em inglês para piolhos (“lice”).

 

Os preços dos serviços, de acordo com o site da empresa, começam em US$ 150 pela visita domiciliar (ela oferece também uma checagem virtual gratuita). A remoção varia entre US$ 165 a US$ 260, dependendo do tamanho do cabelo. Considerando uma família de 4 pessoas, o valor que ela ganha em uma visita pode passar de US$ 1.000 (aproximadamente R$ 5 mil).

Ela também oferece pacotes especiais para escolas e acampamentos de férias.

Sua fonte de renda ainda inclui uma loja virtual de produtos para tratamento de cabelo e pentes especiais para remoção de piolhos.

De imigrante a empresária

 

Em 2014, ela e sua filha de 8 anos saíram do Equador e foram para os Estados Unidos. “Eu não sabia falar inglês, mas sonhava em ser minha própria chefe e ter horários flexíveis para passar mais tempo com minha filha”, escreveu ela em seu site.

 

Antes de abrir seu próprio negócio, ela disse que teve diversos empregos, como garçonete e faxineira, até que ofereceram a oportunidade de trabalhar como removedora de piolhos. Foi aí que ela viu a oportunidade: “O trabalho dava mais dinheiro do que os outros que eu fazia.”

 

Dois meses depois, ela buscou uma formação na área e foi estudar no Instituto Shepperd, na Flórida, que dá cursos de especialização em retirada de piolhos.

 

Atuando em Nova York, ela abriu a própria empresa em 2015. A equatoriana disse que, desde então, já tratou mais de mil famílias e desenvolveu seu próprio método de remoção de piolhos

 

Em 2021, ela ampliou o negócio com a “Larger Than Lice Academy”, uma escola para orientar novos empreendedores do ramo de remoção de piolhos. Seus cursos são em espanhol, com duração de 3 meses.

 

O biólogo Júlio Vianna Barbosa, pesquisador do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), explica que os piolhos são pequenos insetos que parasitam o homem e provocam uma doença chamada pediculose. A infestação de piolho provoca coceira intensa que pode levar a pequenos ferimentos na cabeça.

Eles se alimentam exclusivamente de sangue, preferem ambientes quentes, escuros e úmidos e depositam seus ovos nos fios de cabelo.

 

O especialista ainda afirma que a transmissão não está relacionada à falta de higiene e que, independentemente de renda, sexo ou idade, qualquer pessoa pode ter piolho.

O biólogo também destaca que a transmissão pode ocorrer de duas maneiras: por meio do contato direto, encostando cabeças para tirar uma fotografia, por exemplo, ou pelo compartilhamento de objetos de uso pessoal, como pentes e escovas, prendedores e lenços de cabelo, bonés, capacetes, travesseiros, entre outros.

Por; G1