Mãe cria abaixo-assinado após filha ser proibida no futsal
Laurinha é uma criança apaixonada por futebol. Desde os 4 anos, treina em escolinhas de futsal no Espírito Santo e sonha, um dia, em se tornar uma jogadora profissional, como Marta ou Formiga. A carreira não é fácil, mas Laurinha já descobriu que, para meninas, o caminho é ainda mais difícil. A criança foi impedida de participar do Campeonato Estadual de Futsal do Espírito Santo Sub-09, que aconteceu em novembro, pelo fato de ser menina.
Inconformada com o golpe no sonho da filha, a mãe de Laurinha, Laís Matias, está lutando para mudar essa realidade de preconceito no mundo do futebol. Na internet, ela descobriu uma poderosa ferramenta para levantar a campanha #MeninasTambémJogam e engajar apoiadores em prol da igualdade de gênero no futebol: um abaixo-assinado. Na plataforma Change.org, Laís abriu uma petição e, rapidamente, coletou 6,4 mil assinaturas.
A mãe de Laurinha conta que a saga para a filha praticar o esporte começou ainda mais cedo. Foi bastante difícil encontrar uma escolinha que aceitasse Laurinha aos 4 anos. A única que permitiu que ela treinasse junto com os meninos foi o “Cruzeiro da Ilha de Santa Maria”, em Vitória, capital do Espírito Santo. Hoje, aos 7 anos, a menina continua na mesma escola.
“A saga para uma menina que sonha ser uma jogadora de futebol é tortuosa e desigual. Locais que incentivam a prática feminina para as crianças são quase inexistentes e, por conta disso, as garotas sempre precisam começar a jogar futebol em escolinhas ao lado dos meninos”, conta Laís.
A segunda barreira na trajetória da jogadora-mirim veio em novembro, quando a família recebeu a notícia de que ela ficaria de fora do campeonato estadual.
Laís explica que os responsáveis pela fase municipal do torneio permitem que a menina jogue normalmente com os meninos e que todas as equipes e atletas a tratam muito bem. Porém, na fase estadual, os organizadores impedem a participação de Laurinha por se tratar de um “campeonato masculino”, no qual meninas e mulheres não podem ter o direito de jogar.
“Isso é um absurdo, pois se trata de uma criança amante do futebol, apenas”, indigna-se Laís. “Proibi-la de jogar não é só andar para trás, mas se trata também de um desrespeito à família que incentiva a menina à prática do esporte, que como todos sabemos o nosso país sempre foi referência”, completa a mãe de Laurinha sobre o caso de preconceito.
Laís seguirá com a campanha #DeixemALaurinhaJogar ativa na Change.org e nas redes sociais até que os organizadores do campeonato tornem as regras iguais para meninos e meninas. “Pensem na minha situação como mãe, de ter que explicar para sua filha de 7 anos que a mesma não poderá fazer o que sempre amou pelo fato de ser menina”, desabafa.
TERRA