Mulher que desmaiava ao se levantar consegue andar com implantes na medula

Uma mulher com uma doença neurodegenerativa que a fazia desmaiar toda vez que se levantava conseguiu andar novamente após 18 meses acamada. A impressionante conquista ocorreu após cientistas realizarem um implante de eletrodos em sua medula espinhal.

Detalhes sobre o sistema eletrônico foram publicados nesta quinta-feira (7) no respeitado The New England Journal of Medicine. A paciente tem atrofia de múltiplos sistemas (AMS) do tipo parkinsoniano, uma condição rara que aflige várias partes do sistema nervoso, entre elas o sistema nervoso simpático.

A AMS leva à perda de neurônios que regulam a pressão arterial, o que fazia com que a pressão da mulher caísse drasticamente assim que ela se levantava. Esse problema, chamado de hipotensão ortostática, pode levar a desmaios, limitar a habilidade de caminhar e reduzir a expectativa de vida.

Para ajudarem a paciente, os cientistas do centro de pesquisa NeuroRestore, na Suíça, criaram um sistema eletrônico que consiste em eletrodos implantados na medula para reativar os neurônios que regulam a pressão arterial.

O mesmo implante já foi utilizado para tratar pressão baixa em pacientes tetraplégicos. Os eletrodos são conectados a um gerador de impulso elétrico que também é usado para tratar dor crônica.

Após o procedimento, o corpo da mulher demonstrou uma melhora na regulação da pressão, e ela ficou consciente por mais tempo na posição ereta. Esse sucesso permitiu que ela começasse a fazer fisioterapia, de modo que já conseguiu andar por até 250 metros. Pode parecer pouco, mas o avanço marca a primeira vez que cientistas conseguiram regular a pressão arterial em alguém com a atrofia de múltiplos sistemas.

“Já vimos como esse tipo de terapia pode ser aplicado a pacientes com lesão medular. Mas agora podemos explorar aplicações no tratamento de deficiências resultantes da neurodegeneração”, ressalta Jocelyne Bloch, neurocirurgiã que lidera a equipe, em comunicado.

Grégoire Courtine, professor de neurociência da Escola Politécnica Federal de Lausana, conta que o grupo planeja, por meio da empresa médica da equipe, a Onward Medical, desenvolver um sistema direcionado especificamente para a hipotensão ortostática, ajudando pessoas de outros países que lutam contra esse distúrbio.

 

Por; Revista Galileu